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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Pedaço de chão, bocado de ar



Há dias em que somos pedaços de chão, um grão de areia ou uma grande parte do mar. 
Montanhas que aparecem. 
Farpas bicudas num nevoeiro cerrado ou paisagem de um paraíso encontrado. 
É estar na hora da espera por braços desatados. 
De rima fácil em rima portátil nos tropeções pobres que se desmancham em emoções. 
Nāo fazer ideia. Não façam ideias. 
Disparar. Metralhar. Lançar-me em voos. E aterrar sempre neste lugar.
Lugar certo, incerto. Vazio, cheio. Perfeito. Desfeito.
Deve estar tudo certo, mesmo quando achamos não estar. 

Saudades de escrever. Saudades de vos contar.
Deve estar tudo certo. Mesmo quando parece nāo estar.

Na foto, com o meu irmāo, que desde sempre é o exemplo certo do que é tomar conta.
O saber dar a māo. Miguel estás sempre no meu coraçāo.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Nāo Faz. Faria. Faria nāo, faz.


 Faz hoje 70 anos. 
Nāo os completou mas faz hoje 70 anos.

Nāo sou de datas. Esqueço-as sempre. Mas há dias que nāo podemos deixar passar em branco.
Se hoje o seu coraçāo batesse… Se…. Seria um grande dia. 

Hoje deixou de ser um grande dia mas nāo vai jamais continuar a ser apenas um dia.

Quando nasce um filho, com ele nasce também uma māe. 
Há 70 anos a minha avó passava a ser māe. Māe de um filho que brilhou a vida toda. 
Māe de um filho que nasceu, cresceu mas nāo envelheceu. Pelo menos... nāo tanto quanto se gostaria.
Logo, jamais este voltará a ser um enorme dia.  

Se hoje o seu coraçāo batesse. Se… Seria um grande dia.
Nāo faz. Faria. Faria nāo. Faz. 
Meu tio, eras enorme na nossa vida. <3 

sábado, 7 de fevereiro de 2015

11 Meses



Há um ano uma barriga feita balão avançava-me gigante no espaço. Chegava sempre antes de eu entrar, a todo o lado. Chegava, chegava e depois lá chegava eu. Incrivelmente enorme e merecedora de toda a minha atenção. Abraçava-a a toda a hora no receio do andar não a aguentar. De dia. De noite. Quieta... numa espécie de sussuro para não a incomodar. De dia, não andava, arrastava-me. Sem saber nada de especial desta vida, nada de nada, ansiava no pânico deste futuro. O futuro que é hoje. 
Era eu capaz de cuidar e proteger um pequeno e delicado bebé? Era eu capaz de tomar conta e aprender  todo o dia a cada passo? Claro que era. Somos todas. Basta querer. 
Na altura desenhava-lhe o rosto, descrevia-lhe a alma. Para quê? Nem sei bem… Porquê? Sāo nossos filhos. Nāo precisamos saber escolher. Longe de precisar… Nāo queremos. Sāo nossos, basta serem. 
Doze meses depois de tamanha barriga cheia de sonhos, onze meses de realidade viva numa vida cheia de melhor e ainda maior. 
Onze meses. 
Impressionante. Uma barriga que num ápice bateu asas e voou. Agora está, amanhā já nāo. 
Barriga ao lugar, braços cheios, abraços intensos, barrigadas de amor. Vida perfeita de imperfeiçāo de sol e luar.
Onze meses, onze relatos de dias cheios, malucos, intensos, perfeitos, loucos. 
Onze meses, onze listas de descobertas, incríveis, perfeitas, imperfeitas, amadas, desorganizadas, malucas, engraçadas, loucas, quietas e inquietas. 
Onze meses de ti e de nós, meu amor. 





segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Foi Dia Que Ainda Hoje Nāo Acabou


Parte-me a alma o seu olhar cansado. 


Em jeito de mimo parece que segreda como é valente e feliz. 
Estamos doentes. Vamos começar por aí.
Quer dizer… Passou sexta, sábado, domingo e hoje... E aquela quinta-feira ainda nāo acabou. 
Quero que seja breve, mais breve por favor. 
Parte-me a alma o seu olhar derrotado. 
Ainda assim, o seu sorriso... Embora farto, meio cansado, parte saturado.
É que já foi quinta mas ainda hoje nāo acabou.

O próximo passo: reconquistar o "poder fazer" e a vontade de comer.
Enfim, ninguém quer nos seus planos ver um filho adoecer.
Depois também ficaram doentes os avós. Agora nós.
Ainda assim de movimento lento e semi-empenado:
Onde está o nariz? Onde está o nariz?
Está ali. Está aqui. Está aqui. Plim.