As lágrimas surpreenderam-me quando o pai chegou a casa um destes dias. Tinha passado na casa antiga e visto o correio. Já na casa nova, entrou e disse sério:
- Preciso de cinco minutos teus, senta-te porque tens mesmo de abrir isto.
O envelope era normal, dos correios. Correio azul. Mas tinha qualquer coisa leve e de formato estranho lá dentro envolvido num plástico. Sentada e com calma abri. O pai acrescentava:
- Foi a Mafalda que enviou para ela.
Finalmente abri. Os nossos olhos encheram-se... Vidrados de água...
Lá dentro uma carta, a primeira, e o teu nome bordado à mão numa tira de pano para te segurar a chucha. E a carta... A carta... Da Mafalda para ti...
Não há coração que resista.
Senti como se estivesse a violar a tua privacidade. Afinal de contas é a tua primeira carta. Mas li. Não volta a acontecer, prometo-te. Desta vez li por ainda estares aqui dentro, comigo. Era a única forma de a fazer chegar a ti.
Amália, meu amor, como a tia Mafalda diz... "Que sejas muito feliz".
Obrigada, Mafalda. Que o mundo fosse todo assim.
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