Inspirações

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

As Gémeas Da Ana



Cruzei-me algumas vezes, várias, com o seu fabuloso sentido de humor na casa de uma amiga comum. Foi sempre uma lufada de ar fresco. Uma diversāo. 
Nāo éramos amigas. Entre nós amigos em comum. 
Naquela casa sempre cheia de gente, as gargalhas de grupo, as inofensivas e saudáveis jantaradas à volta da mesa e histórias atrás de histórias. 
Daí ficou-me um retrato muito genérico daquela que será certamente muito mais que apenas a elegante, simpática e divertidíssima Ana Marques.  
Hoje é sobre ela que escrevo. Bom... Sobre ela, nāo. Pois nāo saberia o que escrever para além de uma lista de elogios. Hoje é sobre o seu livro que escrevo, "As Minhas Gémeas":

Livro que devorei em dois dias. E só por isso me atrevo a fazer este post. 

Num país de literatura, onde todo e qualquer livro é submetido a críticas ferozes como se apenas as grandiosas obras fossem dignas de publicaçāo, atrevo-me a dizer neste caso: que se lixem os intelectuais. Que se lixem todos aqueles que na praia iriam gostar de tapar todas as capas menos literárias. 
Eu nāo li este livro... Eu devorei este livro. Senti-o em todas as respirações, em todos os pontos, em todas as vírgulas. 
Todo ele é verdade, honestidade, sentimento, sentido e... é puro. Perfeito cristal. Repleto de amor, ironia, tristeza, ansiedade, medo, receio... Mas cheio de coragem. Coragem nāo só pela vivência passada, mas... coragem por depois de tudo ainda partilhar connosco de forma tāo crua, tāo completa, tāo cheia, tāo real, honesta, verdadeira, inteira e mil coisas mais, aquela que foi uma viagem turbulenta e acidentada até chegar ao seu destino.
   
Desfez-me em pedaços. Fez-me chorar, rir, gargalhar. 
Tudo.  E às vezes tudo na mesma frase. 
Identifiquei-me em tanto e em tāo pouco. Porque esta foi a perigosa história que nāo me aconteceu. Porque esta é a perigosa história que comigo nāo se desenvolveu. Porque felizmente a minha simples história foi apenas uma pequena vírgula comparada a estas duzentas e poucas páginas. A minha história começou e acabou na medicaçāo diária ao longo do segundo e terceiro trimestre para prevenir a terrível doença. E  limitou-se ao controlo diário da minha tensāo arterial. Ponto final.
Ou seja, destas duzentas e poucas páginas conheço na pele pouco mais  que sintomas, o alarme, o pânico, o aconselhamento médico, a ansiedade, o medo... Uma mera vírgula aos olhos do que esta māe/mulher/filha passou. E partilho ainda a mítica personagem do Dr. Álvaro Cohen. Uma vez entrando na nossa sala... magia acontece. A calma invade-nos como se no mais vulnerável perigo ele fosse O salvador.

Ler este livro tocou-me de tal forma que acho que escrevo para dizer isso e apenas isso. Agradecer acima de tudo à própria Ana Marques por nāo ter guardado a sua experiência a sete chaves porque é sublime mergulhar nestas páginas e nāo querer sequer fechar o livro para dormir. 

Nāo é livro para se ler durante uma gravidez. Isso nāo. Mas depois de se ser māe, depois de se voltar para casa, depois de regressar ao mundo e sobre ele ter uma visāo gigantemente diferente... Sim... Depois de tudo isso é tempo de ler e com ele chorar e rir. 
Como me disseram no outro dia em tom de graçola... : 'Nāo te preocupes, o livro acaba bem, ela sobreviveu."
É mesmo isso... bendita seja a sua sobrevivência. Dela. Delas. 
Bendito seja o "palácio amarelo" e todos os que ali salvam e ajudam vidas. 

É por esta e por muitas outras histórias que a MAC deve/tem de continuar a existir.
  

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