Dezembro de 1978
E confirmei o que há uns dias desconfiava…
Tanto disse que a pequenita era minha fotocópia que agora tenho de partilhar: um fenómeno estranho apoderou-se desta casa. Parece que fui lá dentro à cozinha e quando voltei… A minha filha passou a ser fotocópia do pai. Nāo sei muito bem explicar como é que aconteceu mas era capaz de jurar que ainda agorinha era igual a mim… Eis que esta foto do Pedro nāo me permite mais apregoar à boca cheia que as duas somos iguais. Agora com alguma ginástica, tocando até o ridículo, arrisco a dizer qualquer coisa como: Cara do pai, feitio do pai, sorriso do pai, tudo do pai… mas com as cores da māe.
Pronto. Ficou qualquer coisa. As cores. Haahahahah
É que isto de nos dizerem que somos iguais aos nossos filhos traz um sentimento enorme de ternura e orgulho. Sermos feios, altos, magros ou gordos conta muito pouco na equaçāo. Vá-se lá entender porquê, esta ternura arrebatadora que se sente transborda por nós acima e faz-nos levitar. Talvez seja mais uma forma de renascermos, uma e outra vez contra o tempo, talvez. E assim encerra em si, sempre de alguma forma, uma vaidade ou egocentrismo. E eu ralando-me… Acho graça ao facto de os filhos serem iguais aos pais e/ou às māes. Acho. Que hei-de fazer eu a isso? Nada.
Até porque um dia … Num dia muito importante… descobri numa maravilhosa viagem que a minha crença na vida, a minha "fé" se assim se pode chamar, passa por aqui. No Brasil, do outro lado do oceano, de frente para as minhas tias que lá vivem, percebi todo o sentido da vida. Da minha, pelo menos. Tinha na minha frente a prova provada de que o universo é perfeito na sua organizaçāo.
Nāo há distância que separe a genética. Nāo há oceano que faça esquecer o sangue.
Hoje, acredito: envelhecemos sim, o corpo. Cedo ou tarde, deixa de funcionar.
Fica o importante: a essência.
Somos todos um.
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