1979 |
Ontem aproximava-se de mim com uma fotografia na māo e olhar saudoso.
Abril de 1979.
- Era nesta altura que nāo me deixavas dormir. Tive sempre de te dar a māo para adormeceres com calma.
É verdade. Teve sempre de me dar a māo para me acalmar.
Mesmo hoje, aos 36, ainda preciso que me dês a māo para viver mais calma.
No outro dia, depois de lhe agradecer mais uma māo que me deu, fiquei lavada em lágrimas com a resposta que escreveu. "Ser pai é mesmo para estas coisas"
Só hoje em dia percebo.
Ser pai, ser māe, é para isto mesmo... dar as māos.
Esta, em 1979, está longe de ser a nossa melhor fotografia. Longe.
Aqui estou até de olhos tortos e o meu pai, sem dormir, de olhar cansado.
No entanto, a imagem é mais que apenas isso.
O apoio firme de duas māos seguras que nunca me faltaram e um sorriso rasgado apesar da força, apesar do esforço, do peso. O apoio incondicional apesar do cansaço.
Sempre lá, a olhar por mim, a olhar por nós.
Hoje completa mais um ano. O meu pai.
A firmeza nāo falta. O sorriso também nāo. Nunca.
Hoje pega na Amália e é como se eu visse uma segunda vez o que sei, sinto, vivi mas nāo vi de fora a primeira vez. Porquê? Porque da primeira ao colo estava eu.
Muitos dizem que ser avô é ser pai duas vezes.
Nāo tanto mas, em parte, também.
Ser avô é também reviver e lembrar.
Vive e revive, pai. E durante muito tempo, todo o tempo.
Parabéns, nesta data querida.
Muitas felicidades, muitos anos de vida.
Que lindo Anita! Empresta-me o teu pai! Precisava tanto de um assim!...
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