Ainda me ri hoje com o teu pai. Estava a ver uma entrevista na televisão, a repetição de um programa que costuma ir para o ar ao sábado e que eu gosto de ver sempre que apanho. O entrevistado era um jornalista. Sim, um jornalista. Parece ao contrário mas não é. Um jornalista estava a ser entrevistado numa conversa bem conduzida. Onde falava sobre experiências próprias de uma forma aberta e com uma entrega admirável. Ali costuma ser regra a entrega e a queda dos muros. Ele dizia no meio de frases com muita graça e com leveza que nem sabia como conseguiu viver o primeiro mês de paternidade sem cometer uma loucura. Isto porque, continuava ele, lhe parecia impossível antes de experimentar mas os bebés, de facto, choram sem parar o primeiro mês seguido. E finalizava dizendo achar um milagre como, nós pais, aguentamos sem dormir...
Posto isto o teu pai soltou uma gargalhada e em tom de brincadeira, como sempre, disse: "Coitado, teve pouca sorte, foi uma experiência difícil, não é claramente como a nossa." Mas isto num tom meio nervoso, meio irónico. Fez-me rir e brincar com o nosso medo do choro. A verdade é que todos os pais, mas todos sem excepção, referem o desespero do primeiro mês. E isto é quando o primeiro mês não se transforma em 3 meses, em 6 ou um ano. Não ouvimos até hoje nenhum relato contrário ao medo do choro, ao cansaço do choro, à loucura e desespero de pais e bebés cheios de lágrimas. Ainda assim quero acreditar que no meio do teu choro irei ouvir as tuas risadas e assim ganhar fôlego para mais trinta choros de goela aberta.
Por favor, histórias felizes se me estão a ler invadam a minha caixa de correio. Precisamos de vocês. Nós e todos os futuros pais.
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