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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sobre A Segurança


As férias acabaram. Por graça repito que agora é que tenho de descansar. Passar férias passou a ser mais organizado e mais facilmente caótico. Temos sorte. A sorte da vida. Uma filha que nos enche a alma só de a ver dormir em paz ao final da tarde na sombra calma de um simples chapéu. Uma filha que nos rebenta o coraçāo naquele beijo inesperado sem aviso ou no abraço quente e forte que nenhum de nós implorou ou pediu. Temos sorte. 


Andei com a barriga às voltas. Andei…  
Nāo tenho escrito. O amor continua, nāo acabou, claro. Deixei de escrever porque mais que nunca decidi avaliar a segurança do que postava e escrevia. Desde que saiu a decisāo de um juíz sobre as publicações de fotos e informaçāo nas redes sociais sobre os filhos referente a um caso específico que em nada tem a ver connosco… No entanto, fez-me parar para pensar mais e a fundo. 
Achamos que fazemos tudo, o melhor, o mais possível pelos nossos filhos… Gelei… 
Decidi, e por isso escrevo: nāo voltarei a publicar fotografias da minha pequenina que a coloquem na mais ínfima hipótese em risco. 
Sempre tentei ser equilibrada nas minhas opções. Por norma vou sendo. Gelei quando procurei e encontrei mais informaçāo. O mundo nāo é feito apenas de amor e de almas perfeitas. O mundo pode tornar-se perigoso e, neste caso, nada jamais vale o "tentar para ver". Nāo se brinca com a segurança de um filho. Nāo se brinca com o que possa, mesmo que eventualmente, prejudicar a harmonia e paz de uma família. Hāo-de existir milhares de māes que continuarāo a publicar fotografias dos filhos. Respeito. Apenas decidi que nāo vale mesmo a pena. Vejo agora de frente o risco. E com este nāo se brinca. A segurança banal  e que sempre segui passava por coisas como: nāo dar informaçāo da localizaçāo, nāo colocar fotos dos filhos no banho ou nús, nāo fotografar com fardas da escola ou no bairro de residência, nāo postar fotografias que se possam tornar virais e/ou que se possam virar contra eles como motivo de ridicularizaçāo… Nāo fazer isto, nāo fazer aquilo… Uma lista que me parecia sensata e completa e que segui sempre à risca. Sobre locais só falava depois de já lá ter passado, por exemplo.  Tudo absolutamente controlado e sensato. Percebi… Nāo é suficiente. Nem é justo. 
Um filho está sob a nossa asa. Sob a nossa protecçāo… Mas "os filhos nāo sāo nossos". Sāo pessoas e também eles com os seus próprios direitos.  Enquanto māe, nāo tenho o direito de expôr um filho meu. Sim, postar fotografias é expôr um filho. É mostrá-lo globalmente sem sair de casa. É muitas vezes torná-lo alvo de interesse sem o próprio sequer ter sido consultado. É tornar possível que a sua fotografia corra mundo e vá parar a parte incerta e desconhecida. E esse simples clique em "publicar foto" pode dar origem a inúmeras utilizações erradas. Desde a fotografia ser aproveitada para publicidade indevidamente ou até em casos bem piores ser manipulada e incluída em sites com conteúdo duvidoso, ou mesmo ainda ir parar a perfis falsos como sendo filho/a de outros pais. 
Posto isto, decidi que nada mesmo nada, em momento algum, vale a publicaçāo da foto de um filho em que o mesmo seja identificável.  
Obrigada pelo vosso carinho e por toda a partilha que aqui tem ocorrido. Essa partilha pode continuar a existir. Será apenas diferente. De hoje em diante, diferente. 
Mas continuarei por aqui.
O mais importante sāo mesmo os nossos filhos. <3 



3 comentários:

  1. Disseste tudo... Muito verdade, quando tive por uns 2anos uma espécie de baby blog nunca nem por uma única vez usei fotos do meu menino e agora tenho 2. Desisti do blog e criei um outro mas de tricot e crochet e fiz algumas peças para o meu filho velho e mostrei peças com ele vestido mas nunca colocava o rosto, tapava mas dava predominancia mesmo a ele não aparecer a menos que fosse para 'encher' a roupa ;o) Com o meu filho mais novo agora com 10 meses calhou fazer roupas para ele e nunca mostrar ele vestido com elas e o blog também 'funciona' assim... Eu como não faço vendas mostro o que faço como forma de me socializar ainda que neste formato cibernauta, sou mãe a tempo inteiro desde a 1ª gravidez e até agora, já lá vão 4 anos e o blog bem como o hobbie é o meu escape no entanto meço bem aonde quero ir e forçosamente tenho um blog de tricot e crochet de onde falo sobre isso mesmo mais nada. Falando do teu blog Ana, gosto muito, sobretudo de ler, tens uma forma muito honesta e doce de escrever, sem filtros nenhuns mas muito bem articulada... é uma leitura que muitas vezes me faz (re)pensar nos nossos actos e da forma como pensamos estar a agir da melhor forma e esmiuçando melhor podiamos melhorar mais... Entre muitas preocupações que teve/tem com a sua filha também eu já as tive/tenho, as mesmas dores, as mesmas preocupações, alegrias e é bom identificarmos-nos com alguém que passe pelo mesmo e sinta necessidade de transpor para palavras o que sente. Dos textos que li neste blog e que conheci já bem depois da sua menina nascer o que mais me marcou foi mesmo a triste história da Valentina :( Beijinho

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  2. Olá Ana,
    infelizmente não é preciso expôr as fotos dos nossos filhos na internet para que as coisas aconteçam... É muita a vontade de que todos vejam como eles são lindos, que saibam todas as novidades, o quanto estamos felizes e orgulhosos, mas tem razão em tudo aquilo o que diz e mais vale apostar na segurança, sempre. Mais triste para nós, porque assim já não podemos continuar a ver a linda Amália a crescer a olhos vistos. Ficamos à espera das descrições... Que ela seja sempre muito, muito feliz! =)

    https://www.facebook.com/bacalhaucomtodosblog?fref=ts

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    1. Obrigada pelo comentário, pelas palavras de apoio. Tudo de bom para o seu blog também. <3 Continuarei por aqui, sem fotos identificáveis da pequenita mas com textos e outras fotografias.

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