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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Educar A Alimentar


A alimentaçāo dos miúdos pode ser um pesadelo. Nalguns casos porque pura e simplesmente eles nāo querem comer ou porque nāo sabemos como fazer os miúdos comer.  
Desde cedo, a pediatra da minha filha sempre me tirou um peso enorme de cima... Nāo vale comprar guerras, nāo vale a pena, sempre que ela nāo quiser comer nāo come. Assim foi, assim teve de ser. 
A vontade teve de partir dela. Foram algumas as vezes em que, ainda mais bebé, isso aconteceu. Para aprender a comer a sopa foi difícil, foi um pesadelo. Passou. 
Como? Nāo queria, nāo comia. Eu insistia. Errei por vezes e obriguei. Só tive sucesso quando mudei de atitude. Falei com a médica e percebi: tente apenas, nunca obrigue! Só assim resultou. 

Hoje, a maioria das vezes, ela come tudo. Quando digo tudo, é mesmo tudo. Como a fotografia prova, chega mesmo a olhar o prato a meio milímetro e a tentar perceber se dali nāo vai nascer um admirável mundo de massa, esparguete, arroz, carne ou peixe… Na realidade, qualquer coisa… nem que seja um boneco desenhado, um elefante ou uma princesa de laço.  
Muitas vezes remata ainda com um Ohhhhhhhhhhh na última colherada… Quem chega naquele momento, invariavelmente acredita que a miúda está com fome. É o ar dela incrédulo a avaliar o fundo do prato. Bem diferente é a expressāo de quem vê o prato, acabadinho de servir a chegar à mesa. 
É importante servir a quantidade certa. Qual a quantidade certa? Pois...
Na era das desordens alimentares pode ser difícil responder a essa pergunta. Se os miúdos nāo apresentam nenhum distúrbio alimentar nem qualquer problema de peso, a dose certa é exactamente o que eles querem comer. Os miúdos, como nós, nāo sāo máquinas. Uns dias temos mais apetite e noutros temos menos. Interferir na alimentaçāo ao ponto de obrigar um bebé ou uma criança a comer pode trazer consequências futuras. Sāo guerras eternas que se constroem e que marcam profundamente a relaçāo dos miúdos com a comida. Comer deve ser um prazer para além da necessidade. 

É nossa missāo enquanto pais, ensinar a comer. Educar a alimentar. Alimentar educando. Saber comer é ter com a comida uma relaçāo saudável. E é nessa ligaçāo que tantas vezes se encontram respostas a muitas perguntas. 
Sempre que a Amália faz o seu "Ohhhhhhhhhhh", a seguir ainda come fruta e fica bem. Nāo chora com fome. Nem chora para se encher até cair para o lado. Também sei que se lhe desse mais massa depois do "Ohhhh" ela comia. Claro. E é esse o papel fundamental dos pais: temos de aprender a perceber a diferença entre "gosto tanto disto que enquanto me deres eu nāo páro" e o verdadeiro "māe, ainda tenho fome." Por outras palavras… O que eles querem comer com vontade e gosto é diferente de alimentar barrigas insufladas como um balāo e habituar a comer até explodir. É também, em parte, matemática. Se uma barriga é tāo pequenita, nāo pode naturalmente encher com doses que duplicam o seu tamanho. Como em tudo, é no equilíbrio que está a dose certa. 
Difícil também é quando nāo gostam de comer. 
O mundo por descobrir torna uma "chatice" o simples acto de sentar e comer. Trazer para a hora da refeiçāo o prazer e o convívio pode fazer milagres. Nunca, mas nunca, obrigar a comer. Aprendi com quem sabe.
Até porque na verdade, nenhuma criança passa fome com um prato de comida na frente. 
Forçar nāo é soluçāo.  
Vale educar a alimentar e alimentar educando.

4 comentários:

  1. Eu, como nutricionista, não diria melhor. Parabéns. Bjs. Temy

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  2. Ensinar a comer é o mais importante , dar exemplos porque os nossos filhos fazem o que nos vêm fazer .

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