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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Hora Do Banho


Com dias ou meses choram desalmadamente na hora do banho. Aquele arrepio, aquele desconforto do desconhecido. O tempo passa, o problema vira outro… 

- Amália, temos de sair do banho!
- Na! Na! Na!
- Amália, meu amor, nāo se pode viver dentro de água. Anda lá!

E nisto, inicia-se todo um processo de adeus, tchau, buy buy. É precisamente nesta altura que eu penso todos os dias o mesmo: ela gosta mesmo de água. Ela gostava de viver dentro de água. 
Encharcada, divertida no seu chap chap com o pa, mais conhecido por pato, diz-me adeus várias vezes e de todas as formas e feitios, na esperança genuína de me ver pelas costas. Na esperança amorosa de simpaticamente me explicar: 
- Māe, nāo é preciso chegar aos 16, esta tarefa já seria muito melhor sem ti aqui…  

Claro que é precisamente na altura em que tenho de pegar nela ao colo para a tirar e embrulhar na toalha. Os próximos minutos sāo sofridos. Os dela e os meus. Ela chora horrores com a sentida separaçāo "infinita" destas 24 horas até ao próximo banho, e eu fico no sufoco do choro dela por ter de a contrariar. Claro.

Ouvi, li e vi birras… Se vi, se li, se sei, se as fiz… 
Quero agora tirar um mestrado para saber como lidar com elas. Sinto que estāo mesmo aí.
Socorro… Por agora é a hora do banho… E amanhā? Ou depois… 
Tenho de me preparar. 



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Educar A Alimentar


A alimentaçāo dos miúdos pode ser um pesadelo. Nalguns casos porque pura e simplesmente eles nāo querem comer ou porque nāo sabemos como fazer os miúdos comer.  
Desde cedo, a pediatra da minha filha sempre me tirou um peso enorme de cima... Nāo vale comprar guerras, nāo vale a pena, sempre que ela nāo quiser comer nāo come. Assim foi, assim teve de ser. 
A vontade teve de partir dela. Foram algumas as vezes em que, ainda mais bebé, isso aconteceu. Para aprender a comer a sopa foi difícil, foi um pesadelo. Passou. 
Como? Nāo queria, nāo comia. Eu insistia. Errei por vezes e obriguei. Só tive sucesso quando mudei de atitude. Falei com a médica e percebi: tente apenas, nunca obrigue! Só assim resultou. 

Hoje, a maioria das vezes, ela come tudo. Quando digo tudo, é mesmo tudo. Como a fotografia prova, chega mesmo a olhar o prato a meio milímetro e a tentar perceber se dali nāo vai nascer um admirável mundo de massa, esparguete, arroz, carne ou peixe… Na realidade, qualquer coisa… nem que seja um boneco desenhado, um elefante ou uma princesa de laço.  
Muitas vezes remata ainda com um Ohhhhhhhhhhh na última colherada… Quem chega naquele momento, invariavelmente acredita que a miúda está com fome. É o ar dela incrédulo a avaliar o fundo do prato. Bem diferente é a expressāo de quem vê o prato, acabadinho de servir a chegar à mesa. 
É importante servir a quantidade certa. Qual a quantidade certa? Pois...
Na era das desordens alimentares pode ser difícil responder a essa pergunta. Se os miúdos nāo apresentam nenhum distúrbio alimentar nem qualquer problema de peso, a dose certa é exactamente o que eles querem comer. Os miúdos, como nós, nāo sāo máquinas. Uns dias temos mais apetite e noutros temos menos. Interferir na alimentaçāo ao ponto de obrigar um bebé ou uma criança a comer pode trazer consequências futuras. Sāo guerras eternas que se constroem e que marcam profundamente a relaçāo dos miúdos com a comida. Comer deve ser um prazer para além da necessidade. 

É nossa missāo enquanto pais, ensinar a comer. Educar a alimentar. Alimentar educando. Saber comer é ter com a comida uma relaçāo saudável. E é nessa ligaçāo que tantas vezes se encontram respostas a muitas perguntas. 
Sempre que a Amália faz o seu "Ohhhhhhhhhhh", a seguir ainda come fruta e fica bem. Nāo chora com fome. Nem chora para se encher até cair para o lado. Também sei que se lhe desse mais massa depois do "Ohhhh" ela comia. Claro. E é esse o papel fundamental dos pais: temos de aprender a perceber a diferença entre "gosto tanto disto que enquanto me deres eu nāo páro" e o verdadeiro "māe, ainda tenho fome." Por outras palavras… O que eles querem comer com vontade e gosto é diferente de alimentar barrigas insufladas como um balāo e habituar a comer até explodir. É também, em parte, matemática. Se uma barriga é tāo pequenita, nāo pode naturalmente encher com doses que duplicam o seu tamanho. Como em tudo, é no equilíbrio que está a dose certa. 
Difícil também é quando nāo gostam de comer. 
O mundo por descobrir torna uma "chatice" o simples acto de sentar e comer. Trazer para a hora da refeiçāo o prazer e o convívio pode fazer milagres. Nunca, mas nunca, obrigar a comer. Aprendi com quem sabe.
Até porque na verdade, nenhuma criança passa fome com um prato de comida na frente. 
Forçar nāo é soluçāo.  
Vale educar a alimentar e alimentar educando.

sábado, 19 de setembro de 2015

Adeus Fralda


Os entendidos no assunto dizem que para um bebé deixar a fralda precisa chegar aos dois anos habitualmente. Nos casos em que antes disso começam a utilizar o bacio (ou sanita com redutor), o que defendem acontecer, é mero resultado reflexo do conhecimento dos pais em termos das regularidades das necessidades dos filhos. Regularidades ou irregularidades à parte… Hoje aconteceu algo especial. A minha pequenita, de fralda posta desde que nasceu, estava na sala e começou a sentar-se sobre si mesma. Parecia um gesto reflexo para se sentar num bacio imaginário. Longe de acreditar na resposta, perguntei por graça: Meu amor, queres ir à casa de banho? Fiquei de queixo à banda quando a resposta foi - simmmmmmmmm. Como māe prevenida e esperançosa tinha em casa um bacio à espera da nova fase a qualquer momento. No fundo do meu pensamento estava sempre um "nāo pode ser!". 
Pode, ai isso é que pode. Nāo interessa nada entrar em grandes detalhes. A verdade é que hoje, cá em casa, começou espontaneamente o processo "adeus fralda". Espantem-se os entendidos ou nāo… Aos 18 meses é possível. Com 18 meses dizem pouco, entendem muito, respondem a tudo. 
Nāo tive de ensinar nada para além de lhe perguntar e validar a sua resposta. 

Hoje foi o primeiro dia. É de rir, mas cá em casa foi mesmo uma festa. 
E que mal tem? Para uma boa festa é apenas preciso uma excelente razāo. 
Foi assim a festa do "Adeus fralda"




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Corte De Cabelo e "Updates"


Agarrar numa tesoura e … Zás… Ufa… Custou. O que a pequenita chorou... e a camada de nervos que eu apanhei. É que estava a anunciar ficar com um cabelo de futebolista, versāo anos 80, e nāo ia dar. Mal comecei a ver o arrebitar de umas pontas longas sem nexo tive de me encher de coragem. 
Prova superada. A dificuldade foi acima de tudo o quanto a pequenita chorava e o que me partia o coraçāo. É que ela estava tāo revoltada e indignada com esta ideia de eu lhe estar a cortar o cabelo que contado ninguém acredita. A verdade é que parecia que lhe estava a fazer a pior coisa da vida… 
De coraçāo amargurado lá ia, a custo, cortando aqui e ali. Absolutamente focada, a coisa resultou. 
O pai, ia aparecendo e dizendo: Os caracóis todos!!!! E de repente, eu sentia-me qual Dalila a cortar os caracóis da força de Sançāo… Prova superada. O primeiro caracol guardado para a posteridade e um rosto a descoberto sem pontas anexas fora do sítio. 
Aos 15 meses apenas... pois ela foi carequinha até tarde.
Um "recuerdo":  

Agosto 2014


Junho 2015

  
A diferença é incrível. Sou daquelas māes que ama a comunicaçāo. E por isso mesmo, cada vez mais, me arrebata a evoluçāo incrível e a aprendizagem. O que nós já comunicamos… 
Todos os miúdos sāo diferentes. Cada um com o seu tempo para isto e para aquilo. E se vou aprendendo alguma coisa, é isto mesmo! Respeitar o tempo deles é importante. Sem forçar aprendizagens. E sem vacilar com as vozes daqui e dali. Essa parte é mais difícil. 
Aos 15 meses ainda nāo anda sozinha. Quando há crianças que andam aos 9 meses… Isto pode ser assustador e virar um bicho de sete cabeças. Para quê? Sem razāo. Na maioria das vezes se desenvolvem muito rápido a linguagem atrasam na marcha e vice-versa. Mesmo que se demorem em tudo, é o tempo deles. Andava com a cabeça em água porque ela nāo mastigava. Engasgava-se muito a comer pedaços mínimos… Perdi anos de vida com o pânico de que algo estivesse errado. Na creche comia tudo inteiro, pedaços, arroz, tudo. Em casa fazia birras e chorava por se engasgar imenso com o que quer que fosse sem ser passado na varinha. Esta semana, em casa, começou a comer grandes pedaços e a mastigar lindamente. Um peso que me saiu dos ombros. Menos um medo. Menos um receio. A pediatra brincava na última consulta: "Mas conhece alguém que nāo tenha aprendido a mastigar?" É facto, já mastiga.

Ainda nāo anda mas voa. Aliás, é provavelmente por isso que ainda nāo anda sozinha. Um destes dias, eu no sofá, ela no tapete a brincar e o pai também sentado a ler. 
Ela: "-Mamā!"  
Eu: "- Que foi, meu amor? Vem cá à mamā." 
Nisto ela esqueceu-se que se chamava Amália, que era bebé, que ainda nāo andava... e puf… Levanta-se firme para andar na minha direcçāo. Em entusiasmo brutal só tive tempo de suster a respiraçāo e pensar a mil "em pé... sozinha"… a determinaçāo dela fez prever uma coisa e acabou noutra: um vôo picado aterrando junto a mim em choro assustado. Na realidade, nada que fosse perigoso, claro. Mas assustou-se. Felizmente nunca insistimos para ela tentar andar sozinha. Foi ela que literalmente se levantou e achou que já fazia aquilo desde que nasceu. Assim será outra vez um destes dias mas com um final mais feliz. 
Quanto ao resto, já temos conversas longas. Ela entende tudo o que se diz e responde a perguntas fundamentais. Faz pedidos… bom… pedidos, pedidos nāo sei… Dá ordens. Aponta e ordena: Dá. Ou quando diz: áua. Que em Português significa água. Ou: uta que significa fruta. Mas de tudo penso que o dizer que sim é que alterou em tudo a comunicaçāo. Na verdade, alguém entender tudo o que se lhe pergunta, e ter a possibilidade de escolher entre o sim e o nāo como resposta, faz toda a diferença. O sim foi a alteraçāo mais significativa na linguagem até hoje. 
Hoje é-lhe possível fazer valer a sua vontade. É a força de um sim ou o poder de um nāo.  
É incrível a comunicaçāo, a partilha, a linguagem. E nós, pais, abrimos a boca de espanto o tempo todo. Nem percebemos como eles aprendem, como eles apreendem.  
Sem dúvida, mais bonito ainda que ter filhos é poder comunicar com eles. 
Amália, meu amor, um desejo para a vida: que a comunicaçāo entre nós seja sempre melhor, cada dia melhor. Sempre. 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Os Dez Conselhos de Maternidade Mais Certos da História


Quando se tem um primeiro filho, a mudança é tāo profunda que o melhor conselho é mesmo nāo seguir conselho nenhum. 
Ainda assim… Fica aqui o top 10 das melhores ideias a reter e com as quais eu concordo 100%. Veja o video.

10 Ignore 90% of what you're told about. 

Sim, Ignore 90% do que lhe dizem.


9 Do what works for you. 

Faça o que resulta consigo. O que é bom para o seu filho pode ser o pior para outro bebé. E vice-versa.


8 Schedule 

Organize, adopte um método seu, uma rotina. Será melhor para si. Será melhor para todos. Acima de tudo para o bebé e para o vosso sono.


7 Take an hour for you. 

Reserve tempo para si. Sair de casa, espairecer é uma renovaçāo de forças que faz toda a diferença para carregar baterias.


6 Discover who they are. 

Perceba quem sāo os seus filhos. Cada bebé é único. Aprenda a conhecer quem tem nos braços. Cada dia, uma ou mais novidades. Observe, ouça, sinta, confie no seu instinto. Comece cedo a comunicar com ele/a.


5 Be prepared - room, strollers… 

Prepare a chegada do seu filho. Compre/recolha/organize o essencial para facilitar a sua/vossa vida. Prepare o quarto e tudo o que é essencial: roupa, carrinho e ovo. Antes de nascer é muito mais fácil tratar de tudo, sem dúvida. 


4 Keep some memories forever. 

Nāo dê tudo. Guarde as coisas com mais valor sentimental. Um dia vai querer que eles voltem a ser recém-nascidos e o tempo nāo volta. Guarde.


3 Be grateful for your kids. 

Agradeça, sinta gratidāo. A maternidade/paternidade é uma dádiva.


2 Don't be too hard on yourself. 

Nāo seja demasiado exigente consigo. Tudo o resto pode e vai esperar. Mais tarde arrepende-se do stress e de algumas pressões do início. 


1 Feel all the love. 

Nāo há como estar preparado. Só saberá depois de passar por isto. Vai ser o amor que nunca antes sentiu, o maior e melhor amor para sempre.


"Relax- you're gonna be great." 

quinta-feira, 26 de março de 2015

O Dente


Imagem de Tulipa Baby


Chegou como quem diz "estavam a achar que eu nāo vinha?" 
O primeiro dente chegou, finalmente.
Estávamos. Na realidade até estávamos a achar que nāo vinhas. 
Apesar de nāo conhecermos bebés sem dentes. É facto que vieste tarde. Para mim entāo que já imagino e vejo dentes desde que a pequenita nasceu… 

Oh dente… Tens de perceber que estava um bocado aflita. Chegaste ao ano e dezoito dias… E ainda és só o primeiro. Até tremo porque a pobrezita agora parece que vai ter os teus irmāos todos juntos, tudo ao mesmo tempo.

Oh dente, és um amor. Solitário e perdido num sorriso doce e rasgado. Já ajudas até a massacrar pedacinhos de pāo. Agora diz lá aos outros para se acalmarem para nāo aparecerem todos juntos. Isso é que pode ser um sofrimento desmedido para uma bebé tāo impecável como a minha pequena filha.

Ainda assim tinha de escrever para te dar as boas-vindas. Quanto a ser tarde… Nāo te preocupes. Nāo tem mal. Diz quem sabe que cada criança é um caso único. O resto sāo estatísticas. 
Até há pequenitos a quem o primeiro dente aparece bem mais tarde ainda. 

Antes tarde que nunca, já dizia quem sabe.
Fica o esquema do considerado nascimento mais comum dos dentes.
Obrigada dente, bem-vindo à família. 

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Lado Melhor Da Vida



- Tá?! Tá?!
Todos os objectos passaram a poder ser um telefone. Estamos na fase da aprendizagem da linguagem. A imitaçāo. O som. O reproduzir o que ouve. Tentar. 
Começou a tentar. Um telefone toca, ou nem precisa, e de olhar fixo e concentrado olha-me. No seu tempo certo, no dela, no tempo que entende diz: Tá? Tá? Do lado de lá, ninguém responde… É a realidade do lado de lá de um comando de televisāo ou de uma outra peça qualquer no seu plástico isento de conteúdo electrónico. 
Já se percebe também o quanto a personalidade vai ganhando forma. O processo é demais. Nāo apenas por serem os nossos filhos, nāo só, mas porque é impressionante assistir à evoluçāo.  Passou um ano apenas. Sem ainda um domínio mínimo da fala, comunicamos tudo. Entendemos quase tudo. Das três palavras que diz, duas já podem ser suficientes para rebentarmos de amor: Papá, mamā.    
Papá que era Dada, passou rápido a ser papá. Depois do banho, num processo demorado para quem descobre o mundo - creme, fralda, roupa, pentear - o desespero fala mais alto. Muito farta de mim e das minhas ideias de higiene, grita pelo pai num choro tocante: papáá, pappááá. Vezes sem conta. Bem como já percebeu que assim a nossa rapidez devido a tal explosāo de amor se torna 100 vezes maior. No ovo, coisa que odeia, estica as māos mal vê a mínima hipótese de dali sair. Estes sāo exemplos simples entre mil. Aponta para tudo o que quer, para tudo o que lhe desperta interesse. Por vezes evitamos compreender o apontar constante para nāo tornar a comunicaçāo apenas gestual. Temos esta ideia de que há que incentivar a fala. 
Dos dentes… Nada. Apenas altos e baixos ao longo das gengivas inteiras.  Habitualmente aparecem à vez… Com ela nāo me parece. Vêm todos aí. Todos ao mesmo tempo. 
Em fase de experiências, coisas novas, fomos à praia. Nāo pela primeira vez mas fomos experimentar pela primeira vez a areia. Dizem que habitualmente estranham, nāo gostam. Pois nāo pareceu. Adorou. Adivinha-se um verāo alegre de construções de areia a tocar o céu. 
Foi bom. Tem sido bom. O lado melhor da vida. 






quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Tal Pai, Tal Filha

Dezembro de 1978

E confirmei o que há uns dias desconfiava…
Tanto disse que a pequenita era minha fotocópia que agora tenho de partilhar: um fenómeno estranho apoderou-se desta casa. Parece que fui lá dentro à cozinha e quando voltei… A minha filha passou a ser fotocópia do pai. Nāo sei muito bem explicar como é que aconteceu mas era capaz de jurar que ainda agorinha era igual a mim… Eis que esta foto do Pedro nāo me permite mais apregoar à boca cheia que as duas somos iguais. Agora com alguma ginástica, tocando até o ridículo, arrisco a dizer qualquer coisa como: Cara do pai, feitio do pai, sorriso do pai, tudo do pai… mas com as cores da māe. 

Pronto. Ficou qualquer coisa. As cores. Haahahahah

É que isto de nos dizerem que somos iguais aos nossos filhos traz um sentimento enorme de ternura e orgulho. Sermos feios, altos, magros ou gordos conta muito pouco na equaçāo. Vá-se lá entender porquê, esta ternura arrebatadora que se sente transborda por nós acima e faz-nos levitar. Talvez seja mais uma forma de renascermos, uma e outra vez contra o tempo, talvez. E assim encerra em si, sempre de alguma forma, uma vaidade ou egocentrismo. E eu ralando-me… Acho graça ao facto de os filhos serem iguais aos pais e/ou às māes. Acho. Que hei-de fazer eu a isso? Nada. 

Até porque um dia … Num dia muito importante… descobri numa maravilhosa viagem que a minha crença na vida, a minha "fé" se assim se pode chamar, passa por aqui. No Brasil, do outro lado do oceano, de frente para as minhas tias que lá vivem, percebi todo o sentido da vida. Da minha, pelo menos. Tinha na minha frente a prova provada de que o universo é perfeito na sua organizaçāo. 
Nāo há distância que separe a genética. Nāo há oceano que faça esquecer o sangue. 
Hoje, acredito: envelhecemos sim, o corpo. Cedo ou tarde, deixa de funcionar. 
Fica o importante: a essência.  
Somos todos um. 


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Quem Vê Caras Vê Corações


Depois de uma tarde fantástica a fotografar para a Caras com a pequenita Amália, o regresso a casa é um regresso cansado mas agradável. Foram horas na companhia de profissionais exemplares. O que poderia ter sido difícil foi absolutamente calmo, simpático e amável.  Fotografar assim foi para mim uma prova ainda maior de que a Caras é uma revista com uma sensibilidade única e com profissionais excepcionais. O respeito e o profissionalismo fazem com que, hoje e sempre, a Caras tenha todo o meu carinho e admiraçāo. Acompanharam-me nos momentos mais importantes da minha vida e sāo sempre, sem excepçāo, atenciosamente cuidadosos com o trabalho que abraçam e com quem fotografam. 
Obrigada a todos os que hoje fizeram da nossa tarde uma tarde bem passada.  
Publicarei em breve o resultado.
Nesta Caras vāo certamente ver corações. <3 


domingo, 21 de setembro de 2014

O Primeiro Amor


Socorro. O Pinky teve de tomar banho. 
Quem é o Pinky? Como assim, quem é o Pinky?
O Pinky é o primeiro amor da pequenita Amália. 
Vāo juntos para todo o lado. Estāo agarrados em todo o lado. Ela adora-o de coraçāo. De māo dada em todos os lugares nāo há espaço para respirar sem o Pinky. Acalma quando o espalma. Na verdade ela apenas adormece em sossego abraçada a ele. 
O detalhe é que o Pinky por vezes tem de ir a banhos. Cada vez que o banho acontece é difícil de contornar... Pois o Pinky como urso de peluche que é demora tempo a secar... 
O que tem de ser tem muita força e... Urgentemente preciso é de ir comprar um Pinky gémeo. Na esperança de que a pequenita nāo dê pela diferença e os banhos do Pinky nāo se transformem em horas de choro por falta do seu grande amor. 
Pinky: vais ter um irmāo. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Um Post Especial


Documentamos cada passo, cada evoluçāo. 
Tentamos "congelar" com um registo as memórias do que vivemos. Na vontade de um dia quando cresceres nos leres e te veres. Como foi, como era, como é agora.
Hoje este post é especial. Neste dia familiar de domingo repleto de brincadeiras... Escrevemos para longe. 
Lá longe, sabemos que a bisavó Mimi nos lê todos os dias. A bisa Mimi está longe mas perto do coraçāo. Por isso hoje vamos aumentar a letra dos posts para ser mais fácil a leitura e a impressāo. 


Como a bisa Mimi também temos muita famīlia do coraçāo a viver longe. Seja em Portugal, seja no estrangeiro. Por isso mesmo, este blogue para além de ser dedicado a todos os pais em "início de carreira" é também um blogue para comunicar e partilhar com a nossa família que está mais distante. 
Assim ficam e continuam perto de nós. No coraçāo. Todos no coraçāo.




Aqui escreve-se e documenta-se amor. Documenta-se simplicidade e vida. A simplicidade dos dias acompanhados pelo crescimento, por todas as etapas do crescimento de uma criança. 
A nossa. 
Somos orgulhosamente uma família unida. Nós e quem nos lê. 

Obrigada bisa Mimi. Obrigada toda a família e a si que também nos lê.  


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

5 Meses


Ao dia 07 de Agosto 2014 - 5 meses. 

Tudo o que havia de mais difícil passou. Fica o que é para sempre. O que valerá sempre a pena lembrar. Para trás as cólicas que nos violentaram os dias e as noites. Que me revoltaram com a tua dor, a tua agonia. Que me fizeram desesperar, falar sozinha, irritar com o mundo. Para trás. Esquecido. Bem como os medos de uma vida de pânico sem me organizar. Para trás. Passou. Lá  ficou.  Longe também ficaram os tabus que as māes escondem, nāo dizem... O quāo difícil é, o quanto assusta, o quanto custa... Nunca escondi. Mas para trás. Lá ficou. Passou. Valeu tudo. Vale tudo.

Rotina instalada. Vida organizada. Prova superada. Agora: viver. 
A nossa vida. Juntas.
Toma. A minha é tua. Ofereço-ta. Ficas com o que quiseres de mim. Uma parte. Todas as partes. É assim. Ser māe é ser com os filhos todas as partes. Inteira.

És agora a calma que eternamente me faltou. 
O sorriso desconcertante que arrebata corações... 
Da mercearia ao café, do banco ao talho, da portagem à oficina, do restaurante à gelataria, de casa ao infinito. 
Distribuis os sorrisos que a tua māe tantas vezes guardou. 
Passo a passo. Um a um. 
Falas mais que oradores. 
Tens mais sentido que orientadores. 
Comunicas mais que muitos comunicadores. 
Observas mais que o mais atento dos observadores. 

Agora vamos conhecendo que mais o mundo te reservou. 











quarta-feira, 16 de julho de 2014

Até Hoje A Minha Filha Gostava De Mim...




Sim... Até hoje...
Ontem foi-me dado o benefício da dúvida.
Hoje foi o dia da revolta. Total.
Amanhã pode ser para esquecer...

Hoje quando viu pela segunda vez na vida A tigela branca com uma 'coisa' laranja estridente lá dentro foi ... 
Game over. The end. Acabou. 
'Mas que mãe és tu?!?!' Lia-se por trás das suas lágrimas gordas e desesperadas. Desesperada por uma sopa de cenoura sem sal. A sua segunda sopa. 
Que será de mim depois... À terceira, à quarta, à quinta...? 

Ontem correu bem. Temia o pior e correu bem. Comeu tudo. Deve ter achado que era mesmo necessário por alguma razão muito forte. Estranhou mas comeu... Ou melhor, foi comendo. Baralhada entre o sabor e a estranheza de uma colher pela primeira vez na boca. 
A cozinha preparada para a guerra... Nós  tapados até ao pescoço e todas as máquinas fotográficas e de filmar a postos. Um aparato. Nada aconteceu. Tudo tranquilo. Restou a expressão de enfado e pouco mais.
O cenário de guerra ... Aconteceu hoje...
Bastou ver o mesmo tom de branco e laranja dA tigela. A tigela. Igual à de ontem. Socorro. Chamem a polícia. Alguém. A minha mãe perdeu de vez o tino. 
Ligou a sirene. Os vizinhos só podem de facto ter chamado a polícia... Tal era o alarido aqui em casa. 
A tigela... Socorro! A tigela... Sr. Guarda...

Perdi a batalha. Espero não ter perdido a guerra. 
Ao fim de 45 minutos, 50 litros de lágrimas e ainda meia sopa por comer... Desisti... Tal era o nosso estado. 

Ela perdida de desespero sem a polícia chegar. Eu sem saber mais o que fazer para a relaxar. 

A tigela vai voltar, sr. guarda... Vai voltar.



sábado, 12 de julho de 2014

Eu Nāo Conseguia. Vou Ter De Conseguir.



Um destes dias escreveram-me a perguntar se eu era a Nossa Senhora daquela peça de Natal com 5 anos no infantário...

Voltei lá. 
Sou. Era. 

Ao voltar aos 3, 4, 5 anos... na memória as lágrimas sofridas de quem nāo sabia a importância de ali ficar.
Lembro a expressāo do meu pai. Hoje sei o que significava. Era o desespero de quem tem de ir trabalhar e à sua frente lidava com a indignaçāo gritante desesperada e profundamente triste dos meus 3 aos meus 5 anos. 

Chorava com toda a minha alma. Lembro-me. Doía-me em todos os cantos do coraçāo. Nāo compreendia: Porque tinha de ficar ali? 
Nāo conhecia aquelas pessoas. Nāo queria conhecer. E porque tinha de ficar ali? 

- Filha, tens de ficar na escola. Filha, meu amor, é assim que todos os meninos crescem e aprendem na vida. 

O meu pai... Por seu lado... Tinha naturalmente de me deixar ali. Trabalhavam os dois. Pai e māe. 
Ao virar a esquina... Imagino... o mundo dele só podia gritar por mim. 
Pobre pai. Pobre coraçāo apertado e atrapalhado.
É coisa que nunca perguntei. Nāo preciso porque sei. 

A minha māe nem imagino.
Pobre māe. Coraçāo desfeito e delicado.
É coisa que nunca perguntei. Porque sei. Porque sei.

Na memória: 
Destabilizei manhās, horários, dias...   
Nāo era das que chorava e que em cinco minutos resolvia. 
Chorava dias. 
Chorei manhās, horários e dias... 
Tinha sempre uma espécie de mulher polícia que tentava fazer sorrir o meu dia. Devia ser pela sirene que eu emitia. 
Nunca quis ficar ali. Estar ali. 
Era a Clara... Se nāo me engano... 
Era a Clara a monitorizar a escuridāo dos meus dias. 

Imagino a dor dos dias... Nenhum pai, nenhuma māe pode desistir de deixar um filho ali. 
É para a escola que os filhos têm de ir.

Desde que fui māe tremo e temo. 
Esta memória enfraquece-me a força de deixar a minha Amália assim.
Sei que tem de ser. Peço por tudo que nāo seja ela também assim.
Como fui. Como eu.
Pobre pai. Pobre māe.

Nāo conseguirei eu vê-la trepar paredes, arranhar o coraçāo e gritar as entranhas.   
Nāo conseguirei virar a esquina, partir o nosso coraçāo e esgadanhar-me com as manhas.
Nāo conseguirei viver o dia, respirar o ar e rezar por todas as alminhas.

Nāo conseguirei.
Pobre pai que tantos dias, de costas, teve de dobrar a esquina.  
Pobre māe que tantas manhās, de frente, teve novamente o corte do cordāo que já nāo tinha.

Eu nāo conseguia.  Eu nāo conseguia.
Vou ter de conseguir. 


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Todos Diferentes Todos Iguais






Assim que nasce um bebé começamos a ouvir: "ah é tāo parecido com..."
Seja com a māe... o pai... o avô, a avó, o irmāo, o primo, a tia, o sobrinho, o cāo, o gato ou o periquito.  

Sou uma nódoa a encontrar parecenças entre pais e bebés. Uma nódoa. 

Assim que a Amália nasceu nāo vi grandes parecenças. Os olhos rasgados e "achinesados" deixavam as semelhanças de parte com qualquer um de nós. Os bebés ao nascerem estāo inchados pelo esforço. Mudam imenso e muito rapidamente ao longo dos primeiros dias. Claro que a Amália nāo foi excepçāo. 

Ao longo do tempo comecei a descobrir semelhanças aqui e ali. Durante muito tempo achei que era igual ao pai. Sem tirar nem pôr. Mais ainda depois de ver fotografias antigas do Pedro. Aí tinha ainda mais a convicçāo: era igual ao pai. 

No meio da minha "azelhice" lá encontrava imensas semelhanças. Mas... Tudo mudou... 
A minha azelhice continua a mesma, porém as semelhanças que encontro sāo diferentes. E aqui sim é que vem a novidade: A Amália está igual a mim! 
Ahahhahahahah... Ah pois é... quem achar o contrário cale-se para sempre sob pena de levar com o rolo da massa... Pois é que foi muito difícil chegar a este ponto em que encontro tanta semelhança comigo. 

É com muito orgulho que aviso: posso ser azelha mas tenho jeito para tiro ao alvo. Ai daquele que me disser que a Amália nāo está parecida comigo... Ah pois é... Vamos a ver quem se atreve...
A brincar a brincar demorei a encontrar tanta semelhança e, por isso mesmo, ai de quem me destruir o "trabalho árduo" em três tempos.  
Ahahahahah Fica o desafio... Até com fotografias para ajudar...  

Na realidade, até eu e o Pedro éramos parecidos em bebé...
Bom... Talvez seja mesmo melhor eu dedicar-me a outro assunto... Nāo tarda muito encontro semelhanças entre um quadrado e um triângulo... E de facto... Existem... Enfim... 
Somos todos diferentes. Todos iguais.







sábado, 12 de abril de 2014

Sāo Assim As Quatro. Sāo Assim As Seis Da Manhā



O dia vira noite e a noite vira dia. Trocam-se horas sem opçāo. 
É assim connosco. É assim com todos. 
Somos māes. Somos pais. 
O cansaço. O amor. Mesmo às seis da manhā.
Estamos embriagados. De sono. Mas também de amor. Com amor adormecemos. Com amor acordamos. 
Somos māe. Somos pai.

Sāo assim as quatro. Sāo assim as seis da manhā.





quinta-feira, 10 de abril de 2014

Conquista Do Tempo


O tempo ajuda. O calor, algum sol e tempo... O tempo... Sāo dias ganhos aqueles em que consigo sair para respirar. Nāo é uma queixa. É um facto simples. Os primeiros meses sāo assim: sem tempo. 
Por exemplo, achei que ia ter tempo para este post, talvez nāo tenha: o choro de fundo. Vou a correr. Volto. Gostava de voltar...
Com uma māo continuo... Voltei. 

Hoje tive tempo. Quando dei por mim estava numa esplanada a comer um gelado. Estávamos. As duas.  Algum sol, calor, calma, tranquilidade e um gelado a meio da tarde. Passou um mês e dois dias. As paredes de casa ao fim de um tempo parecem muros e as janelas parecem pequenas. Sair de casa  torna-se impossível, difícil. O saco, o carrinho, o ovo, as horas de amamentaçāo, as mudas de fralda, o banho, o descanso... Tudo demora tempo e o dia passa sem intervalos. Quando damos por isso passou mais uma semana, e outra e mais outra... Mas também nós, māes e pais, aprendemos com o tempo.
Aprendemos a organizar e a tornar possível o tempo livre. 
Hoje foi um gelado. Amanhā será outra coisa qualquer. Por mais insignificante que pareça, assim se constrói o dia, os dias, o nosso tempo. 

Ser māe é maravilhoso. 
Sem dúvida. Mas mais ainda se aprendermos a conquistar o tempo. Juntas, sim. Mas com tempo. 
É importante nāo deixar escapar o nosso tempo. 






sexta-feira, 28 de março de 2014

Boas Notícias

Dia 07.03.2014 - recolha células estaminais no parto

Mesmo na fase final do parto a equipa médica procedeu à recolha das células estaminais do sangue e do tecido do cordāo umbilical. O processo é complexo, passa por diversas fases. E por isso mesmo, apenas hoje tive a confirmaçāo de que todo o processo tinha corrido de forma positiva e com sucesso. Estamos felizes com a nossa escolha e com a nossa confiança na Cytothera. Pois é comum e natural acontecer que na recolha algo possa impedir a criopreservaçāo por contaminaçāo, seja durante ou anteriormente ao parto. Felizmente connosco tudo correu pelo melhor. Após avaliaçāo apropriada já em laboratório sabemos agora que todo o processo correu bem e com sucesso. Existem 3 fases: a recolha, o processo e criopreservar. Missāo cumprida. Todos nós fizemos a nossa funçāo com distinçāo. 

Resta-me agradecer à Cytothera e à MAC por todo o processo. 
Quanto às células... Queremos, desejamos e rezamos para que fiquem apenas guardadas o tempo todo e que delas nunca precisemos ... Para nada. É muito bom saber que temos a segurança de as ter ... Mas, como todos os pais no mundo, queremos que nunca, mesmo nunca, precisemos delas pois significa que a pequena Amália está e estará sempre de perfeita saúde.



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Medo Do Choro

Ainda me ri hoje com o teu pai. Estava a ver uma entrevista na televisão, a repetição de um programa que costuma ir para o ar ao sábado e que eu gosto de ver sempre que apanho. O entrevistado era um jornalista. Sim, um jornalista. Parece ao contrário mas não é. Um jornalista estava a ser entrevistado numa conversa bem conduzida. Onde falava sobre experiências próprias de uma forma aberta e com uma entrega admirável. Ali costuma ser regra a entrega e a queda dos muros. Ele dizia no meio de frases com muita graça e com leveza que nem sabia como conseguiu viver o primeiro mês de paternidade sem cometer uma loucura. Isto porque, continuava ele, lhe parecia impossível antes de experimentar mas os bebés, de facto, choram sem parar o primeiro mês seguido. E finalizava dizendo achar um milagre como, nós pais, aguentamos sem dormir... 
Posto isto o teu pai soltou uma gargalhada e em tom de brincadeira, como sempre, disse: "Coitado, teve pouca sorte, foi uma experiência difícil, não é claramente como a nossa." Mas isto num tom meio nervoso, meio irónico. Fez-me rir e brincar com o nosso medo do choro. A verdade é que todos os pais, mas todos sem excepção, referem o desespero do primeiro mês. E isto é quando o primeiro mês não se transforma em 3 meses, em 6 ou um ano. Não ouvimos até hoje nenhum relato contrário ao medo do choro, ao cansaço do choro, à loucura e desespero de pais e bebés cheios de lágrimas. Ainda assim quero acreditar que no meio do teu choro irei ouvir as tuas risadas e assim ganhar fôlego para mais trinta choros de goela aberta. 
  
Por favor, histórias felizes se me estão a ler invadam a minha caixa de correio. Precisamos de vocês. Nós e todos os futuros pais.