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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Todos Diferentes Todos Iguais






Assim que nasce um bebé começamos a ouvir: "ah é tāo parecido com..."
Seja com a māe... o pai... o avô, a avó, o irmāo, o primo, a tia, o sobrinho, o cāo, o gato ou o periquito.  

Sou uma nódoa a encontrar parecenças entre pais e bebés. Uma nódoa. 

Assim que a Amália nasceu nāo vi grandes parecenças. Os olhos rasgados e "achinesados" deixavam as semelhanças de parte com qualquer um de nós. Os bebés ao nascerem estāo inchados pelo esforço. Mudam imenso e muito rapidamente ao longo dos primeiros dias. Claro que a Amália nāo foi excepçāo. 

Ao longo do tempo comecei a descobrir semelhanças aqui e ali. Durante muito tempo achei que era igual ao pai. Sem tirar nem pôr. Mais ainda depois de ver fotografias antigas do Pedro. Aí tinha ainda mais a convicçāo: era igual ao pai. 

No meio da minha "azelhice" lá encontrava imensas semelhanças. Mas... Tudo mudou... 
A minha azelhice continua a mesma, porém as semelhanças que encontro sāo diferentes. E aqui sim é que vem a novidade: A Amália está igual a mim! 
Ahahhahahahah... Ah pois é... quem achar o contrário cale-se para sempre sob pena de levar com o rolo da massa... Pois é que foi muito difícil chegar a este ponto em que encontro tanta semelhança comigo. 

É com muito orgulho que aviso: posso ser azelha mas tenho jeito para tiro ao alvo. Ai daquele que me disser que a Amália nāo está parecida comigo... Ah pois é... Vamos a ver quem se atreve...
A brincar a brincar demorei a encontrar tanta semelhança e, por isso mesmo, ai de quem me destruir o "trabalho árduo" em três tempos.  
Ahahahahah Fica o desafio... Até com fotografias para ajudar...  

Na realidade, até eu e o Pedro éramos parecidos em bebé...
Bom... Talvez seja mesmo melhor eu dedicar-me a outro assunto... Nāo tarda muito encontro semelhanças entre um quadrado e um triângulo... E de facto... Existem... Enfim... 
Somos todos diferentes. Todos iguais.







segunda-feira, 26 de maio de 2014

Dias Perfeitos



Se os dias tivessem pontos... Se os dias fossem a votaçāo... Se os dias lutassem entre si para serem O melhor... Se os dias tivessem voz... Se os dias fossem todos assim... Se... Se e se...

Nāo sāo. Nāo têm. E nāo lutam. 
Mas é por isso que damos valor a dias assim. 
Assim, como? Perfeitos. 
Traçados à māo como o rosto de um filho nosso. 
Um filho nosso... Uma filha... 
Para cada pai, para cada māe, o seu filho é sempre desenhado à māo. 
Perfeito como estes dias de verde, azul, céu, natureza e amor.  

Foram assim estes dias.
Perfeitos como tu, Amália. 


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Noites De Festa, Vida e Sonhos


Quando pintar as unhas vira uma prova dos jogos sem fronteiras percebemos como a vida mudou. 

Sair à noite, estar com amigos, jantar fora, ir a uma festa... Tudo isto passa para centésimo plano depois de se ter um filho. Nāo sāo momentos impossíveis mas... Raros. Sorte a minha, a nossa, que temos uma lista infindável de candidatos para olharem pela pequena Amália, sempre que assim for necessário e fizer sentido para nós. Sāo raros os momentos por enquanto, também porque amamentar assim o exige, mas mais que tudo: a nossa vida mudou.

Este domingo foi dia de festa. Este ano, pela primeira vez māe e mulher, lá fui. Fomos. Até este ano a vida parece que foi a brincar. Nāo será verdade mas parece. 
Ficam agora distantes os anos em que entre os nomeados vivia por dentro a emoçāo forte de: "E o Globo de Ouro vai para..." 

Estiquei a minha adolescência. Vivia-a intensamente. Se vivi... 
Sonhei os sonhos profundamente. 
Vivi-os. Construí-os e realizei-os. Alterei-os. Cresci-os. 

Este domingo lembrei com amor o primeiro dia em que a vida mudou. A primeira vez que mudou. O dia em que fui escolhida para a minha primeira personagem... A Mariana. 
Éramos 12 mil pessoas para apenas 6 personagens. Mas a minha certeza era tanta. A minha força maior que o mundo. Maior que eu, maior que tudo. A minha māe receava a dor do meu tombo, por mim... Apoiava-me, mas receava por mim, pois ficavam apenas 6. Podia nāo ter ficado, mas fiquei.
Nāo levei a mal. Era o receio natural de māe. O amor e a sabedoria de māe. Mas fiquei.
Nada me abalava a força nem a minha certeza. Hoje acho estranho. Tinha tanta certeza do tal lugar para mim. 
Lembro a cabine telefónica de Sete Rios. Tínhamos sido 12 mil. Depois 600, 30, 12, e finalmente os 6... 
Agora, do outro lado, uma voz dizia... "Ana, a produçāo decidiu." 
Queriam que eu fosse a Mariana. E eu fui. 
A minha vida mudou. Nāo foi nosso o globo, mas tudo começou assim. 
O verdadeiro sonho começou ali.

Amália, meu amor, nāo sabes mas tenho tido a sorte de fazer tanto mas tanto daquilo que sempre quis. 
O meu sonho começou a ser vivido ali.
Mais tarde fui a Inês, a Victória, a Mila, a Dulce, a Dora, a Letícia, enfim, ... inúmeras outras. 

Sonhei os sonhos. De sonho em sonho fui crescendo. Mudando. Acrescentando. 
Também tu viverás os teus sonhos e sonharás a tua realidade. 
Do tāo pouco que sei, posso dizer que sei sonhar. E soube lutar. 
Pouco maior que a tua idade sempre soube o que queria. 
Queria ser. E fui. Sou. 
Ainda muito está para vir. 
Quero ensinar-te que somos aquilo que quisermos ser. Basta querer. 
Tenho muito que aprender e pouco para ensinar. 
Mas sei, como respirar, que basta querer. Querer muito. 
Tenho a certeza disto que te digo. 
Quero passar-te a luta pelos sonhos. 
Os nossos. O que é nosso a nós pertence. E mais que tudo, sāo os sonhos. 
Tudo começa a sonhar. 

Era eu menina, pequena, quando acordada andava a sonhar. 
Os meus sonhos cresciam e aconteciam. Uns atrás dos outros. 

Mas sabes... Este Domingo, cresci. 

Sou tua māe. 
A minha vida nāo estava mais apenas ali. Foi apenas uma parte de mim. 
Nāo te inquietes. 
Vivo muito e vivi tanto.
Hei-de viver tudo mais ainda. 
Outros vôos, outras viagens, outros sonhos...
Para além desses, destes... Os teus serāo também os meus...

Nem posso esperar.
Os teus sonhos serāo também grande parte de mim.


sábado, 17 de maio de 2014

O Céu Na Terra


Há momentos em que o céu desce à terra. Momentos como este. Em que a serenidade invade e o paraíso se instala. Para conhecer e dar valor à tranquilidade precisamos conhecer o oposto. Os dias nestes meses têm sido tantas vezes inquietos e anseio pela chegada de mais momentos calmos e serenos como este. 
A pequena Amália nāo tem culpa. Nenhuma. O processo é duro. Duríssimo só por si normalmente, pela exigência do cuidado 24/7, mas mais ainda quando se enfrenta as cólicas severas que parecem nāo passar. 
É o corpo que dói. O dela e o meu. O nosso. A cabeça cansada pesa. O sono, o meu, o dela e o nosso, nāo é reparador , é sempre interrompido. 
Faz parte. Sabemos. Claro que faz. 
Essa é a parte fácil, fácil de dizer acima de tudo para os outros, mas difícil de viver. 

Lembro tanto os relatos dos meus pais... Fiz a vida "negra" aos meus pais nos primeiros tempos de vida. Nāo deixei ninguém dormir durante um ano, ou mais. Lá está... Agora é a minha vez... "Cada um tem aquilo que merece" já dizia o ditado. Se fosse possível gostava de trocar este ditado por outro... Outro qualquer...  

Aos meus pais:
Desculpem as noites todas sem dormir. Desculpem todas as birras e inquietações que vos tiraram do sério. Desculpem tudo o que fiz que vos revirou as horas e os dias... 

Mas verdade seja dita: também agradeço por de todas essas horas ter resultado um amor enorme, gigante, maior que o mundo.
Disso, que ninguém duvide. 
Aqui também pode desabar o mundo... 
Mas à volta... 
Pois o nosso mundo, o que aqui vivemos: é mais que tudo, um mundo de amor. 
E esse nāo desaba nunca.

O resto, passará.



terça-feira, 13 de maio de 2014

Nāo É Razāo


Cansa-me tanto esta tristeza de todos os dias querer escrever e na realidade ser ainda tāo difícil de cumprir. 
A verdade é que sou todos os dias confrontada com escolhas importantes para gerir o meu tempo. O nosso tempo.

Os dias começam e acabam quase antes de começar. 

Agora, comecei felizmente a ginástica pós-parto e, pelo menos isso, consigo cumprir. A Amália lá vai comigo e contamos juntas séries de 20. De um a vinte voltamos ao início. Quarenta parece mais que duas vezes vinte. Tudo é uma questāo de perspectiva. 
Os quilos, os mais incomodativos, os piores ficaram. Estāo cá. Os fáceis foram embora numa semana. Os últimos cinco ficaram aqui. Permanecem "alapados" como super cola 3. 



Na fotografia, o contentamento pelos 8 quilos perdidos em muito poucos dias, logo após o parto. 

Cresci e aprendi o valor da sabedoria e do envelhecimento, a beleza do tempo em nós. A minha bela, bonita e estupenda avó ensinou-me, sem uma única palavra, a beleza do tempo fisicamente em nós. E a vida tem-me ensinado também a importância de tudo o resto... Aqueles lugares comuns, sim. E sim, é totalmente verdade a importância do que nos vai cá dentro. Tudo o resto se perde, de facto, bem mais cedo que aquilo que nos vai cá dentro. Mas apesar da importância do que somos ser grandiosamente maior do que o que aparentamos... Apesar de tudo isso:

É preciso estofo para as mudanças do corpo após a maternidade. É. 
O corpo é incrível em todo o seu trabalho árduo e nāo merece em momento nenhum do processo descontentamento ou revolta. Nenhum. 
É agarrar nessa transformaçāo, abraçá-la e dar a volta. 
Há que ter a certeza: queremos voltar ao lugar? 
Queremos porque é isso que somos. É isso que sempre fomos. 

As novidades já sāo tantas que nāo precisamos de ter de gerir mais essa de ficar com um novo peso. Por isso há que sair de casa e ir. Ir em conjunto com outras māes contar até 20, 40, 60 ou 700000 mil.
"Um, dois, esquerdo, direito. Encolhe a barriga e estica o peito."  Contar e ao mesmo tempo partilhar. Rir e ao mesmo tempo matar pela raíz aquilo que nos podia vir a ser pesado futuramente. Peso pesado. 

Este é o momento em que se escolhe: Estou bem assim ou nāo? A resposta é: nāo. 
Mesmo no auge do cansaço, vale-nos a entrega, o compromisso e a dedicaçāo. Há que respeitar as māes, mais ainda todas estas que se esforçam para voltar à forma de onde partiram.  

E nāo... A mim nāo me chegam os comentários de que estou igual... 
Agradeço. Acarinham-me. Gosto. Mas ainda nāo. Nāo estou. 

Por isso venham daí essas contagens até ao infinito. Seja de 20 em 20. Seja de 100 em 100. 
O importante é contar e descontar. Também eu "quero voltar ao ponto de partida". 
E voltarei.

Ser māe é muita coisa mas nāo é nem será nunca razāo para abandonar o que somos. 





quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mês 2



Hoje completamos o segundo mês. 
Sim completamos. Nāo apenas tu. Eu também.

Pensar que já passaram dois meses... O tempo corre na pressa de chegar ao futuro. Não sei para onde mas corre. Pensar que era tudo tão complicado no primeiro mês e agora parece que já levo esperiência de segunda vez. Pensar que fazia tudo sem duas mãos, como se sem braços. Ou seja, não fazia nem desfazia. 
Agora... Num braço carrego-te, com o outro faço magia. Numa mão seguro-te com a outra faço o que sempre fazia. 
Somos animais. Animais bestiais. Perante todo e qualquer obstáculo, fazemos, transformamos e adaptamos. 

Ouvi e voltei a ouvir 'isso passa', 'são os primeiros tempos', 'só melhora'. Foi desesperante e pouco credível que, de facto, a vida retomaria a sua própria vida. A sua organizaçāo, a sua normalidade. Mas aos poucos vai-se vencendo batalhas. Pequenas. Pequeninas. E quando damos por nós somos super-heróis nos seus fatos coloridos e "kitados" com pequenos grandes super-poderes. A vida regressa a si. Vai regressando. Cada dia que passa uma inovaçāo, uma nova adaptaçāo. 

Comparar o primeiro ao segundo mês é mais que muito animador. Evitei tantas vezes escrever e dizer isto mas... Os primeiros tempos são um susto, um terror. O primeiro mês... Não sabemos como, nem quando, nem se vai melhorar. Não se dorme. Mal se come. Pouco mais se faz que dar de mamar e mudar fraldas. Os banhos tomados são um intervalo de segundos que não fazem um minuto. O amor,  mais que muito, é posto à prova quase todas as horas... E nāo sabemos... Desconfiamos... Mas nāo sabemos... Passamos a saber... O amor vence tudo. Encontra sempre o seu rumo, a sua energia e ampara tudo. Todo o cansaço. Todo o medo. Todo o desespero. 
O primeiro mês tem tanto de terror como de encanto. Achamos e sentimos como errado essa angústia do início. Rápido  entendemos que faz parte do processo. Faz parte da nossa natureza. Custa. Custa muito o início... E só sabemos quando estamos a passar por isso. De outra forma achamos que connosco será ou foi diferente. De outra forma achamos até estranho o que se diz, o que dizem... Isto que agora digo. 
A verdade: só sabe mesmo quem por ali passa ou passou. E nada de errado. Faz parte. 
Fez. Passou. 
Tinha de ser. Tem de ser. 
É violento. É brusco. É arrebatador. 
É de loucos. É loucura. 
É bom, maravilhoso. 
É difícil também. Em simultâneo. Ao mesmo tempo. 
Nāo vale a pena escrever, dizer mil vezes... É em vāo. 
Quem nāo sabe, julga. 
Quem passou, tantas vezes apaga o difícil... 
Esquece. 
Passa. Passou. 
Fica o bom, o melhor. 
E esse multiplica-se. Aumenta. Cresce. 

Aos dois meses...
Já observas atentamente. 
Já olhas nos olhos profundamente.
Já sorris intencionalmente.
Já descansas descansadamente.
Já ouves atentamente.
Já fazes sons ruidosamente.
Já te seguras mais firmemente.

Tem sido único acompanhar-te e ajudar-te a adaptar a este mundo. 
Que este seja o início da mais bonita e maravilhosa viagem que conheço: a tua vida. 




segunda-feira, 5 de maio de 2014

O Meu Primeiro Dia



O meu primeiro dia, a minha primeira celebraçāo. Dia da māe 2014: dia 4 De Maio 2014. 

Até hoje neste dia vestia umas calças de ganga, uns tenis e ia. Acordava com um olho aberto e o outro fechado e ia. Entrava na banheira no último segundo ainda a dormitar debaixo de água e ia. Sensaçāo igual a correr entre a rega nos campos em flor onde o ar quente e puro contrasta com a água refrescante que nos encharca. E ia. 
Uns anos com flores na māo, fui. Outros anos com presentes, fui. Outros sem nada, fui. Outros vivia no estrangeiro, telefonava e chorava, por estar longe... nāo fui. 
O normal na vida de um filho. A vida descontraída de se ser apenas filho.

Fui, e continuo a ser, uma filha feliz. No entanto mudei. Mudei muito. Mudou quase tudo. 

Nāo, nāo deixei de ser uma filha feliz. Nunca. Nāo, nāo deixei de ser filha. Nunca.
Agora māe apenas deixei de lado a grande descontraçāo de ser apenas "filho". 

Ser māe nāo é acordar e dormitar debaixo de água. 
Hoje acordo a todas as horas se assim for preciso. Sem dormitar, sem os ditos banhos refrescantes. Visto as mesmas calças de ganga. Calço os mesmos tenis. Nāo por descontraçāo mas por falta de tempo. Corro pela casa com a lista memorizada de uma quantidade enorme de coisas que nāo posso esquecer antes de sair. 
Onde ficou a descontraçāo? 
Nos primeiros tempos em lado nenhum. Entre fraldas e dodots a descontraçāo torna-se pouca. Ou mesmo nenhuma. Mas existe. Vai crescendo. Aumentando. 
Deixou de ser a mesma para se transformar em outra coisa. A descontraçāo de "filho" desaparece quando damos início à preocupaçāo de "māe". 

Hoje, no meu primeiro dia da Māe, sei, percebo, aceito e agradeço que: 
Nāo mais vou dormir como dorme um filho. 
Nāo mais vou existir como existe um filho.
Nāo mais vou decidir como decide um filho.
Nāo mais farei nada, mas nada, como faz simplesmente um filho. 

Ser māe é saber isto e nisto encontrar a maravilhosa descontraçāo de māe. Uma nova descontraçāo... diferente, outra, nada igual... Mas maravilhosa. Cada vez melhor.
Este é o trabalho mais difícil. O caminho mais longo. Mas trilhado por milhões de mulheres neste mundo. Será esse o meu maior sucesso enquanto māe: 
Deixar ir de vez a descontraçāo de "filha" e encontrar em mim a descontraçāo de "māe". 
Todos os dias o caminho é novo, desconhecido. Mas todos os dias é maravilhoso, apetecido.  

Ser māe nāo é deixar de ser "filho". Nāo deixarei nunca de ser filha, nem quero. 
Mas ser māe é passar a ter uma vida diferente no mundo. E em nós. Connosco e dentro de nós.

Até ser māe, era apenas filha e isso era tudo o que conhecia. 
Agora sou māe, e isso é muito mais do que o que conhecia. 

Feliz māe. Feliz dia. 
Obrigada Amália, minha Mel, fizeste de mim māe. Tua māe.