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terça-feira, 2 de junho de 2015

Viral…


Andamos nesta dor que nāo passa. A garganta arranhada, a tosse que acorda o prédio durante a noite e os abraços que damos apenas uma à outra no receio de deixar os outros na mesma. A tosse quando ataca parecemos pequenos "gremlins". Estamos fartas. Eu fartíssima. Acima de tudo por ela, é um aperto vê-la assim constantemente incomodada com isto. Ontem, no dia da criança, quando íamos dar um passeio… Enfim… Um filme. Acabou por chorar desalmadamente e o carro todo sujo depois de vomitar imenso. Valeu-me o pai e os avós. Obrigada <3. 
Sou inconsciente? Nāo. De maneira nenhuma. Os pediatras sempre o mesmo discurso: tem febre? Nāo, nāo tem. Nāo teve. Andamos nisto há 15 dias. Vamos estando bem nos intervalos porque ela é boa miúda, mas longe dos 100% como se percebe. Dificuldade para dormir com a tosse e a garganta a arranhar. Antibiótico? Para ela nem pensar. E para mim de nada vale porque segundo parece é viral. 
Estou mesmo farta. As dores de garganta sāo chatas mas faço a minha vida. Fazemos. 
Porquê? Como? 
É que já foi bem pior. Desde a rouquidāo total ao silêncio absoluto pela falta de voz. Dores que eram muito piores. Agora é uma moínha, uma chatice. A irritaçāo da tosse. Enfim… Há-de passar. 
É já uma espécie de estar doente nāo estando. Ou melhor, é um estar doente mas ignorando. 
Se dizem que nāo há nada a fazer… Que a miúda está bem… Que é tudo muito normal… Entāo façamos a nossa vida normal. Quem sou eu para achar ou deixar de achar? Sou apenas uma garganta com um corpo chato que nāo me larga... mas isso… Isso é um detalhe. Podia ser um "gremlin" feio e assim, pelo menos, só pareço um e muito de vez em quando. Menos mal, porque é mais à noite e está pouca gente a ver. 
Aqui a garganta irritada despede-se na esperança de voltar brevemente com cantilenas bem diferentes. 
Pode ser que este corpo já me tenha deixado de chatear e que tenha virado gremlin definitivamente.
Enfim… Há-de passar.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Mães Coragem


No hospital pediátrico as histórias de vida entendem-se no tempo de uma viagem de elevador. Uma mãe chora em silêncio enquanto na cadeira de rodas transporta a filha. Filha que ali, naquele momento não a vê. Não a ouve. Na cadeira, a pequena olha para a frente vidrada nos olhos da sua enfermeira que lhe sorri. De pé e atenta, a enfermeira distrai a pequena das lágrimas escondidas da mãe. Na mão, para os mais atentos, a pasta diz: neurocirurgia. Entre os longos cabelos da pequenita vê-se um conjunto de pontos que contrastam com o brilho dos seus olhos mas que explicam a água da mãe. 
Saímos do elevador. Todos. No corredor aquela mãe cruza-se com outra. Encontra ali inesperadamente o alento de um ombro de uma outra mãe. Já amigas entende-se. De quem passa ali os dias, a vida. Não aguenta nem mais um segundo de silêncio e chora menos baixo naqueles braços. A tempo, a enfermeira leva a cadeira para que a pequena não a ouça, não a veja, não sinta. Achei que tinha sido a tempo. Mas não foi. Sentiu. Na cadeira, voltou-se, olhou para trás. Não podia. Mas olhou. Surpreendida chamou de longe: -Mãe!? A enfermeira sem parar e sempre com um sorriso disse que a mãe já ia, que tinha encontrado uma amiga. Ao longe o abraço entre lágrimas ficou. 
Daquele lado a cadeira virou a esquina. Do outro o abraço durou.
Nós. Eu e o Pedro chegámos onde íamos. O quarto da Ana, que de sorriso me disse logo: também és Ana, somos as maiores. Pensei: eu não, tu sim, és a maior. A maior das forças. Ali à minha frente, a força em pessoa. Uma história complexa, dura e que já foi de falta de esperança, e que contra tudo e todos virou uma história única de superação. Escrevo porque ali não se vivem histórias simples. Porque ali não são apenas doentes. São crianças. São pais, mães, irmãos e familiares que se suspendem no tempo. Que se esquecem que dia é hoje e que horas são. Pessoas que se agarram ao que têm com o pouco ou nada que conhecem da medicina. 
Gostava de ter dito àquela mãe, das lágrimas no corredor, que o seu legítimo desespero que hoje sente, amanhã poderá ser esperança. Que naquele quarto mesmo ali ao lado a esperança quase partiu sem regresso. Mas voltou em força e contra o esperado por tudo e todos, até pela medicina. Não vale antecipar, não vale deixar o medo ganhar, não vale baixar a guarda. 

Serve este post para dizer também que ao contrário destas mães coragem que vi hoje, existem outras. Infelizmente existem aquelas, que apesar de serem mães, escrevem artigos no jornal de bradar aos céus e, quero eu acreditar, que é porque a vida lhes corre de feição e nem pensam. Não pensam e dizem e escrevem disparates a reclamar sobre a falta de paciência para crianças, as suas e as dos outros. Existem claro, outras ainda. A todas essas mães tontas que não pensam ou não sentem, desejo que essa ignorância se mantenha. Pois força para situações como as que vi hoje não teriam certamente. Desejo também todo o bem aos filhos dessas 'filhas da mãe' a todo o custo. Para que eles, seus filhos, não percebam nunca que precisavam mesmo, ainda por cima, era de ter outra mãe. 

Às mães coragem de hoje... desejo o melhor que se pode desejar: que a vida vos seja justa e vos mantenha vivo esse vosso grande amor e com ele todas as alegrias, todas as curas, todos os sorrisos.