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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A Culpa

Ilustraçāo de Monica Barengo

Hoje escrevo e penso sobre a culpa. Creio que nāo deve existir peso maior que a sensaçāo de culpa de uma māe. 
Umas vezes porque: 
"Nāo estava lá..." Maria 
outras porque: "Nāo fui capaz" Raquel 
de vez em quando porque: "falhei" Judite
tantas outras porque: "errei" Marta
uma única vez "nāo vi... irremediavelmente perdi" Rosa
nāo sei porquê: "olhei para o lado, naquele segundo olhei para o lado..." Sofia 
ou "de repente virou-se, nāo consegui agarrar, virou-se..." Patrícia   

A minha barriga fica às voltas com esta ideia de perigo constante e eminente. 
Depois de tudo fazerem para evitar o pior: o pior. E ainda depois do pior, o pior que se segue: o peso que se abate nas māes, desaba e arremessa tudo, numa fúria pela ausência de um segundo. 

As māes querem o bem e o melhor para os seus filhos. Esta é, em geral, a maior das certezas. 
O resto tantas vezes é destino como conjugaçāo de factores incontroláveis. Indomáveis e imprevisíveis.
A vida é infelizmente isso mesmo. Incontrolável. Imprevisível. Escapa tanto, e tantas vezes, entre os dedos. Por vezes pelas nossas māos. E por isso mesmo, aqui e ali, trai-nos. Aqui e ali inofensivamente. Outras  vezes irreparavelmente. 

Se passou pela traiçāo de um irreparável segundo... este pequeno texto é para si. 
A vida infelizmente tem vida própria. 

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