Facebook

Mostrar mensagens com a etiqueta atençāo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta atençāo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Gatinhar Cair Levantar



Gatinhar, mexer, remexer, explorar, experimentar e conhecer: é esta a fase em que estamos. Tudo tem interesse. Tudo traz curiosidade. Tudo.
Está na altura de proteger cantos, retirar o que está mais à māo e esconder o que pode ser perigoso.  Há pais que defendem que nāo se deve mexer nada do lugar e há também quem defenda que se deve varrer da frente tudo e mais alguma coisa. Talvez o sensato seja mesmo o meio termo. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O essencial é prever o que pode correr mal, antecipar, antever e prevenir. Esta ainda nāo é uma idade em que a comunicaçāo tenha um papel claro e inequívoco. Ou seja, nāo há como explicar a um bebé de seis meses que algo é perigoso ou nāo deve ser feito. Resta portanto prever sem grandes exageros ou paranóias. E acima de tudo vigiar. Estar sempre lá. Os pediatras avisam que esta é a fase dos acidentes domésticos. Cada dia o bebé evolui incrivelmente, hoje faz o que ainda ontem nāo fazia. Assim... Num ápice. 
A Amália tem o seu parque onde se diverte com os brinquedos. O parque é o único local seguro para a deixar sozinha se o telefone toca lá dentro ou se temos de ir abrir a porta a alguém. De resto nem vale a pena fazer grandes acrobacias de imaginaçāo: nāo se deve deixar um bebé nesta fase sem ser no parque ou na cama de grades para ir fazer uma coisa qualquer que seja para "logo logo voltar". Apenas é seguro ficar dentro do parque ou enquanto dorme na cama de grades.
Hoje, por exemplo, estava a vê-la tentar gatinhar e eu ia incentivando com brinquedos para ela tentar alcançar. Felizmente tinha o chāo protegido (com mantas e um tapete de algodāo lavável) quando de repente nāo é que ela se lançou no ar para chegar mais perto de mim. Deu um impulso com os joelhos e lançou-se para a frente farta de tentar procurar uma outra maneira de me alcançar. Assustei-me porque nāo estava à espera. Nāo me passou pela cabeça sequer que ela tivesse força para tal. Nāo teve problema porque por baixo estava protegido e fofo para amparar qualquer queda. Nāo esperava era uma queda de cara, de frente, género aviāo a fazer-se à pista ou pinguim a deslizar. Nada de mal. Correu lindamente até com uma gargalhada enorme dela porque tudo era fofo e confortável. Sem proteger teria sido perigoso e a gargalhada seria outra história. 
Gatinhar ainda só para trás. Com grande alegria dela mas só para trás. Para a frente pode estar para breve mas entretanto a pequenita vai tentando todas as formas e mais algumas... Até voar como se viu. 
Nas fotos (em cima) também fiquei petrificada quando estava a vê-la tentar gatinhar e de repente ela ergueu o rabo e quase se colocou em pé. Deu queda, claro. O peso da cabeça desequilibra e tanta coisa mais. Ainda nāo é tempo. Falta para chegar aí. 
Confia em mim, meu amor: lá chegarás e mais cedo do que agora te parece.
É assim, de facto. Nada na vida se consegue sem se tentar. Uma, duas, três ou mil vezes. E o mais certo é conseguir-se até mesmo quando se está quase a desistir. 
Nāo desistas meu amor, nem aches que já tentaste vezes de mais... Cada um de nós tem o seu próprio caminho, as suas próprias quedas. A maravilha é o levantar depois de todas e tantas quedas e ver onde se vai chegar da próxima vez que nos levantamos. 

Uma coisa te garanto: levantamo-nos sempre melhor e chegamos mais longe sempre que nos levantamos mais uma vez. Sempre. Podes acreditar. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

É A Atençāo



É a atençāo...

As olheiras hoje pesam. As pestanas carregam às costas o sono que hoje me falta.
Está tudo calmo. Tudo calmo.

É apenas a atençāo. Aqui ao meu lado, sem ler, observa todos os meus movimentos e lê todos os meus textos.
É a atençāo.
No segundo em que me levanto seja para cozinhar ou ir à casa de banho, liga logo a sirene.
Parece um alarme. Um despertador.
A sirene pára de tocar com um sorriso demolidor de tāo contagiante quando apenas, sim, apenas...
Me chego mais perto e a olho nos olhos.

Hoje conversa comigo pelos cotovelos e ainda nem uma palavra articula.
Hoje reclama se tenho a ousadia de agir como se fossemos duas pessoas distintas.
Hoje sorri quando a encho de beijos ainda que sem dormirmos.
Hoje lê os meus textos sem ainda sequer saber o que é ler.

E com 16 anos? Tento mentalizar-me...
Aos 16 quererá pouco que fique com olheiras por esperar que adormeça.
Quererá pouco ficar ao meu lado um dia inteiro a sorrir para mim.
Quererá pouco que a encha de beijos, mais ainda se nāo dormiu.
Quererá pouco ler os meus textos por ter os seus livros para ler.

Estou a começar um projecto novo e ao mesmo tempo sinto-a a olhar incrédula para mim:
-Mas afinal o que estás a fazer... Olha que aos 16 nāo estou aqui disponível para ti assim...

E lá vou eu de 2 em 2 segundos roubar mais um sorriso rasgado e interromper as suas sirenes gritantes.

Agora, depois de todas estas horas sem dormir... Finalmente fechaste os olhos.
Que as pestanas fiquem leves como o peso do algodāo.

Vou fechar os meus também.