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segunda-feira, 24 de março de 2014

Māe Da Amália


Eram 19h ontem quando o Pedro me disse muito sério:

"- Tens de sair um bocadinho de casa. Vai. Tens de ir senāo ficas doida. Vai. Sai um bocadinho. Vai."

Simplesmente fui posta fora de casa para ir passear um bocadinho sozinha. 

Pela primeira vez na rua depois de ter sido māe e longe da minha pequenita Amália... Senti-me estranha. A primeira sensaçāo foi de peso na consciência. Como se fosse errado deixar a minha filha por pouco tempo que fosse. 
E nem de propósito, mal coloquei o pé na rua, encontrei várias pessoas. A primeira foi a querida Madalena, que mal me viu ao longe, me perguntou curiosa e simpática: 
- Oh Ana, nāo acabaste de ser māe? 
- Sim, acabei. Faz agora meia-hora. - disse eu em jeito de brincadeira. 
Mas senti um peso. O peso na consciência. 
A Madalena continuou:
- E onde é que ela está? 
Lá se acentuou outra vez ... O peso...
- Está em casa. Acabou de mamar. Tenho de me despachar para voltar para casa antes que volte a ser hora. 
E senti-me a justificar. 

Uma tolice. Mas senti um peso. O peso.

Dei mais três passos... Parece comédia, mas nāo é... E pumba... Tufas... Mais um encontro.
Encontrei a amiga Sílvia que nāo via desde um espectáculo, uma peça. (A Sílvia é a diversāo em pessoa, uma graça. Tenho saudades da Sílvia.) E ouvi: 
"- Ana... Oláááá... Nāo foste māe agora?" 
Meu Deus... Parece que o universo se uniu para me pôr à prova... Como se todas estas perguntas me levassem para o mundo do: "Mas que raio estás tu aqui a fazer com uma bebé de 15 dias em casa??!!!" Encontros inofensivos com pessoas de quem gosto mas a sentir um peso, um peso... 
Muito peso. Senti como se fosse um crime eu estar na rua longe da Amália.

Dois dedos de conversa rápida com a amiga Sílvia sobre a maravilhosa Amália mas adiantando e explicando que tinha mesmo de me apressar. Nāo podia ficar.
Lá fui sem dar para matar as saudades que tenho da Sílvia e das nossas gargalhadas e dos seus trocadilhos. 

Pouco depois, já na fila do supermercado, com um carrinho de compras pouco cheio para nāo me demorar, contava os minutos para voltar para casa a correr. Pensava nas coisas mais estapafúrdias como: Se fico presa nalgum lado, tipo elevador? Se me acontece alguma coisa, como é que a Amália come? Ela depende de mim!!! ... Enfim... Por aí fora. Coisas tolas mesmo, até em tremores de terra pensei... Enfim, seja o que for que acontecesse haveria milhares de formas de resolver, certamente ignorando o exagero do pensamento trágico. A verdade é que me passaram centenas de ideias, mesmo muito tolas, pela cabeça enquanto a senhora da frente colocava os alimentos no tapete da caixa. E eis que reparo que a senhora me começou a fixar muito. Olhava para mim, voltava a olhar... E olhava, voltava a olhar... E eu no mundo dos tsunamis... A senhora olhava, olhava, olhava... Até que ganhou coragem e disse:
- Desculpe incomodar mas nāo foi māe? Nāo é a māe da Amália?
Ahahhhaahhahaha. 
Soltei uma gargalhada. Nāo aguentei. 
Morri. Também esta senhora para me confrontar com o meu peso...

A cliente continuou de sorriso nos lábios e disse-me alegremente:
- É que vi na revista que a sua menina se chama Amália e que já nasceu.
  
Morta de ternura pela situaçāo, ri-me com a senhora porque nāo só era mais uma pessoa a pôr-me à prova como, e acima de tudo, me matou com a pergunta "Nāo é a māe da Amália?" 
Respondi cheia de orgulho:
- Sou sim: A māe da Amália... E estou a contar os minutos para voltar para casa porque me faz confusāo ver o tempo a passar e ela quase a precisar de comer.

Respondeu-me prontamente: 
- Tenha calma, eles aguentam sem nós. Mais facilmente que nós sem eles.

E lá se despediu, pagando a sua conta e desejando tudo de bom para nós... 

Agradeço mesmo. Mas o que agradeço mais ainda é eu ter passado a ser: A māe da Amália. 
Derreteu-me o coraçāo. Garanto. 
Valeu a pena esta visita ao supermercado. Uma ternura.
Voltei para casa num abrir e fechar de olhos. 

Uma aventura estes pequenos momentos sem o Pedro e a pequena Amália... 
Parece-me óbvio que preciso aprender a lidar com tanta novidade.  

Assinado: A māe da Amália

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ano Novo, Casa Nova



Hoje é o primeiro dia. Do ano. E da nossa casa organizada e calma. Falta apenas o teu quarto. Mas depois de tanta mas tanta correria e contratempos, aqui estamos. Finalmente calmos. Sem olhar para caixotes ou caixas no nosso caminho. O pai também já está a ficar melhor. Sim, o doutor avisou que demorava. Mas melhor, melhor. 
A passagem de ano já foi entre amigos, na nossa sala, na nossa cozinha, na nossa sala de jantar, no nosso hall, na nossa casa calma. Na tua. Na tua. Foi bom ontem termos partilhado o último dia do ano e o início do primeiro, contigo e com todos. Aqui.
A construir o teu lugar. Mais que uma simples casa com paredes e tecto...  Este é o nosso lugar. 
Esperamos por ti. 

Com amor,
2014 será o nosso ano. 


Caixa de Luz 120 cm x 80 cm da série Love_In_Progress








segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mudanças

Nāo vejo a hora de acabar a nossa mudança. Em género de brincadeira dizia sempre que tinha mestrados e mestrados em mudanças. É um facto que mudar de casa, para mim, nunca foi uma dificuldade, um problema ou sequer um transtorno. Nunca foi. E se há quem mude de casa, sou eu. Até entre países. E nunca mas nunca me cansou tanto. É um desabafo e nāo uma reclamaçāo. Quando tudo parece acontecer na direcçāo oposta àquela que desejamos, quando os contratempos sāo aos pontapés, quando tudo parece um filme do Almodóvar e podia ser tāo simples, mas tāo simples. Mas nāo tem dependido de nós. Nada. Grávida, esperar 5 horas pelas entregas do Ikea numa casa ainda quase sem mobília nāo é a mesma coisa que estando num estado normal. Ainda por cima, quando chegam, chegam com o material errado, incompleto, fazem-me ir lá de novo, resolver um problema provocado por eles. Marcam uma nova data e mais 5 horas de espera pela frente. E este é apenas um exemplo entre diversos, sim, diversos que nos têm aparecido diariamente... 

Desculpem o cansaço das minhas palavras. Desculpem a impaciência da minha atitude. A verdade é que é tudo por um motivo maravilhoso. Eu sei. Claro que é. Mas isso nem está em cause, naturalmente. Fico triste porque o processo tomou conta de mim, já vai longo, tāo longo que por vezes esqueci no desespero que é tudo mas tudo por razões que brilham mais que a lua. Os contratempos têm sido muitos. Demasiados. 
Mas nāo há contratempo que se meta no nosso caminho e resista. Nāo há. Vamos resolvendo todos. Um a um. E cá estaremos para usufruir da calma e da organizaçāo quando o mundo permitir e nos deixar de colocar diariamente questões, problemas, erros ou equívocos relacionados com a nossa mudança. 
Mundo, ouve bem: esta casa e esta mudança que te falo é o nosso futuro, mas já devia ser o nosso presente. Porquê? Porque fizemos e fazemos tudo o que há para fazer ao nosso alcance. Porque nāo merecemos este desgaste. Porque precisamos de parar. Porque merecemos esperar, mas esperar apenas esperar por ela. Por favor, organiza-te connosco. 

Mundo, estás a ouvir? Por favor... Já chega. Como diz um grande amigo: É só uma mudança nāo é neurocirurgia.  Peço-te do fundo do coraçāo, nāo é por nós sequer. 
É por ela. Por ela, o meu amor . 
Obrigada, sei que vais entender. 

    


sábado, 23 de novembro de 2013

A Tua Casa

Meu amor,
Hoje foi o primeiro dia em que rodámos a chave da porta da tua primeira casa. Espero que gostes e que te sintas logo em casa como nós. Quando abrimos um dos armários da cozinha tinham deixado para nós este presente:


Tal como dita a tradição: Azeite, carvão e sal para nos dar luz, calor e alegria. Não nos vai faltar. Não nos vai faltar. 
Sensibilizam-me as pessoas carinhosas. Foi um dia feliz. Será uma vida feliz.