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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ser Água



Em tempos, olhos nos olhos, uma pessoa desconhecida afirmou-me: 
-"Você é como a água. Chega a todo o lado. Nada a para." 
Senti a força da verdade nisto, mas muito me espantou aquela pessoa.

Anos passaram. Outras pessoas voltaram a falar-me da força da água. Numa conversa acesa, amigos, colegas, desconhecidos, discutiam. Eu, longe de casa -saudades dos pais, da família, dos meus, das minhas pessoas- vivia o sonho real da grandeza das coisas. Na grandeza do que maior nos acontece, aparecem as lutas, algumas, as invejas, outras, o medo, grande. O que nāo devemos esquecer é o foco. A tal e verdadeira grandeza. Com ela viver e também com tudo o resto. De volta a casa nesse dia triste, um amigo a sério, dizia-me na minha māo dada e dos meus olhos no chāo: "Be water my friend". 
De novo, cá estava ela outra vez. A água. 
Emociona-me. 
Ele seguiu: "Not your kind of film, though Bruce Lee is nice" 
Afinal, era mesmo o meu filme. Era de água que se falava. Era pois, como sempre, o meu filme. A água.


Hoje escrevo para te dizer que nāo me posso esquecer. Esquecer de te dizer.
É a grandeza. É a água. É o que tiver de ser. A verdade está sempre no foco. Nāo perder o foco. O percurso leva-nos onde quisermos ir. Para isso, é simples, há que ser água. 

Be water, my love. Sê água, meu amor. <3 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A Chegada Dos Pássaros



Era noite já tarde. O telefone tocou. O toque diferente.
Sentia-se na hora, na urgência com que tocava.
Ao Pedro, antes de atender, perguntei: Que horas sāo?
Senti. Sabia.
Do outro lado, a emoçāo, a voz trémula.
Deste lado, a certeza. A comoçāo.

Nasceu! Já nasceu!!!

A emoçāo aumentou. O coraçāo cresceu.

É assim a natureza na sua mais perfeita conjugaçāo.

É incrível. É tāo incrível.
Sou tia!!!!

Parabéns, meu irmāo. <3


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Teste Para Preparaçāo Intensiva Para Ter Filhos



É de gargalhada que publico este texto hilariante. Nāo é meu.
Raramente coloco aqui textos de outras pessoas. Neste caso é incontornável. O texto é de rir. 
A fonte diz nāo saber quem é o autor. Chegou à minha caixa de correio através de um link para este blogue: 

Agradeço de coraçāo porque me ri a bom rir.   
Divirtam-se como eu me diverti sobre as mais incríveis táticas de preparaçāo para a maternidade e paternidade.
Aqui vai:

" Teste 1: Preparação

Mulheres: preparação para a gravidez
1. Vista um roupão e coloque um saco de feijões à frente.
2. Deixe ficar.
3. Passados 9 meses retire 15% dos feijões.

Homens: preparação para os filhos
1. Vá à farmácia, esvazie o conteúdo da sua carteira no balcão e diga ao farmacêutico para fazer o que quiser com o dinheiro.
2. Vá ao supermercado e combine um modo de o seu salário ser pago directamente para a conta bancária deles.
3. Vá para casa. Pegue no jornal e leia-o pela última vez.

Teste 2: Conhecimento
Escolha um casal que já tenha filhos e critique-os sobre os seus métodos de disciplina, falta de paciência, níveis baixíssimos de tolerância e sobre como permitem que os filhos corram como selvagens.
Sugira formas para melhorarem os hábitos de sono dos filhos, treino do bacio, maneiras à mesa e comportamento em geral.
Aproveite. Será a última vez na sua vida em que terá todas as respostas.

Teste 3: Noites
Para descobrir como serão as suas noites:
1. Passeie pela sala de estar entre as 17h e as 22h carregando um volume com cerca de 4 a 6 kg, com o rádio mal sintonizado (ou outro som insuportável) bem alto.
2. Às 22h pouse o saco, ponha o alarme para a meia noite e volte a dormir.
3. Levante-se às 23h e ande com o saco na sala de estar até à 1h da manhã.
4. Ponha o alarme para as 3 da manhã.
5. Como não consegue voltar a adormecer, levante-se às 2h da manhã e faça uma chávena de chá.
6. Deite-se às 2h45.
7. Levante-se novamente às 3h, quando o alarme tocar.
8. Cante no escuro até às 4h.
9. Ponha o alarme para as 5h da manhã. Levante-se quando tocar.
10. Faça o pequeno almoço.
Mantenha esta rotina durante 5 anos. Aparente estar cheia de energia!

Teste 4: Vestir crianças pequenas
1. Compre um polvo vivo e um saco de atilhos.
2. Tente colocar o polvo dentro do saco de forma a que não saiam braços
3. Complete esta tarefa em 5 minutos.

Teste 5: Carros
1. Esqueça o BMW. Compre uma carrinha de 5 portas.
2. Compre um cone de gelado de chocolate e coloque-o no porta-luvas. Deixe-o lá ficar.
3. Pegue numa moeda e coloque-a no Leitor de CDs.
4. Pegue numa embalagem de bolachas de chocolate e esmague-as no banco de trás.
5. Passe um ancinho ao longo dos dois lados do carro.

Teste 6: Passeio a pé
1. Espere.
2. Vá para a porta da frente.
3. Volte atrás.
4. Saia.
5. Volte para dentro novamente.
6. Saia novamente.
7. Desça as escadas.
8. Volte a subir as escadas.
9. Volte a descer.
10. Ande 5 minutos muito devagar.
11. Pare, inspeccione bem à volta e faça pelo menos 6 perguntas sobre cada pastilha elástica usada, papel sujo ou insecto morto que encontrar no caminho.
12. Retrace os seus passos.
13. Grite que já aguentou tudo o que podia até que os vizinhos venham cá fora ver.
14. Desista e volte para casa.
Agora está preparada para levar uma criança pequena a passear.

Teste 7: Conversas com crianças
Repita tudo o que diz pelo menos 5 vezes.

Teste 8: Compras
1. Vá ao supermercado. Leve consigo o mais parecido com uma criança em idade pré-escolar que encontrar – uma cabra adulta, por exemplo. Se tenciona ter vários filhos, leve mais do que uma cabra.
2. Faça as compras da semana sem perder a(s) cabra(s) de vista.
3. Pague tudo o que a(s) cabra(s) comerem ou destruírem.
Só deverá considerar ter filhos depois de conseguir fazer isto facilmente.

Teste 9: alimentar um bebé de 1 ano
1. Esvazie um melão.
2. Faça um buraco pequeno de lado.
3. Pendure o melão no tecto e balance-o.
4. Pegue numa taça de cornflakes ensopados em leite e tente enfiá-los à colherada no melão irrequieto, enquanto finge que é um avião.
5. Continue até que metade dos cornflakes desapareça.
6. Cole o que restar no seu colo, certificando-se de que uma grande parte cai no chão.

Teste 10: TV
1. Aprenda os nomes de todos os personagens dos Wiggles, Barney, Teletubbies e Disney (no nosso caso é mais dos Gormitis, Scan2Go, Super Heróis, etc).
2. Veja apenas isso na Televisão durante pelo menos 5 anos.

Teste 11: Desarrumação
Consegue aguentar a desarrumação das crianças? Descubra se sim ou não.
1. Espalhe manteiga no sofá e compota nas cortinas.
2. Esconda um peixe por trás da aparelhagem e deixe-o lá o verão inteiro.
3. Enfie os dedos na terra dos vasos e a seguir esfregre-os nas paredes.
4. Esvazie todas as gavetas, prateleiras e caixas da casa para o chão e siga para o passo 5
5. Aleatoriamente, leve objectos de uma sala para a outra e deixe-os lá.

Teste 12: Viagens longas com crianças
1. Faça uma gravação de alguém a repetir bem alto “Mãe”. Importante: não deve deixar mais de 4 segundos de intervalo entre cada “Mãe”. Inclua ocasionalmente um crescendo na voz até um nível supersónico.
2. Ponha esta gravação a tocar no carro, sempre que for a algum lado, nos próximos 4 anos.
Está preparado para fazer uma viagem longa com uma criança.

Teste 13: Conversas
1. Comece a falar com um adulto à escolha.
2. Peça a alguém para continuamente puxar a sua saia ou manga da camisa, enquanto toca a gravação “Mãe” referida acima.
Está preparada para ter uma conversa com um adulto com uma criança na sala.

Teste 14: Preparar-se para o trabalho
1. Escolha um dia em que tenha uma reunião importante.
2. Vista o seu melhor fato de trabalho
3. Pegue numa chávena de natas e junte um copo de sumo de limão.
4. Mexa bem.
5. Entorne metade na sua saia.
6. Ensope uma toalha com o resto da mistura
7. Tente limpar a saia com essa toalha.
8. Não mude de roupa (não tem tempo).
9. Vá para o trabalho.


PARABÉNS, ESTÁ APTO PARA TER FILHOS!" 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Hoje Nāo Estamos. Ontem Também Nāo. Amanhā Nāo Sabemos.


Aquele dia em que se entra no centro de saúde e rebenta a bolha. Acabou. Deixamos de pensar.

Para trás outras vezes, muitas. Antes de ir já tenho de respirar fundo e meditar. Nada funciona. Um sistema de senhas, ou nāo, quatro. Afinal quatro. As indicações coladas a fita cola, várias. Muitas. Leitura intensa. Nada rápida. Tanta informaçāo. Sempre nova. Sempre diferente. Afinal qual é a senha hoje? Nāo é. Só de vez em quando. De quando em vez se nāo der muito trabalho. Sempre a mesma implicaçāo:
Nāo tem marcaçāo? Pois!
Nāo. Nem sempre é possível marcar. Aliás, sempre que marco arrependo-me. Em geral, arrependo-me de lá ir.
Supostamente, a lei, a regra, o sistema prevê o atendimento com base nas marcações dando-lhes prioridade mas prevê também o atendimento por ordem de chegada, naturalmente. Pois… Prevê. Como um plano que se imagina mas depois nunca se cumpre. Já foram três as vezes que vim mandada para trás, por recusa das recepcionistas. A sala podia até estar cheia e compreenderia, nāo estava. Nenhuma das vezes.
Da última vez cheguei e o andar estava em obras. Mudaram de piso. Mais um papel colado meio torto na frente da porta do elevador. Estavam portanto no novo 1' piso. Estar estavam. A porta do elevador abre-se novamente. O primeiro piso estava no lugar, nāo tinha ido de férias. Nos braços, sempre a Amália pequenina. Na parede mais uns recados, outros, imensos, sempre colados:

"Hoje atendimento só por marcaçāo".
Ui!!!! As máquinas das senhas vazias.
A sala com uma pessoa apenas à espera. Mais uma vez em vāo. Junto do balcāo pergunto:
"Desculpe, mas porque é que hoje, mais uma vez, nāo posso tirar senha e ser atendida por ordem de chegada e, sim, dando prioridade às marcações como é suposto?"
"Pois nāo, nāo pode. Estamos em obras."
"Nāo percebo. Nāo estāo em obras para quem tem marcaçāo?"
"Nāo."
"Sendo assim… Nāo compreendo. Repare: está apenas uma pessoa na sala de espera. Nāo posso dar vacinas à minha filha porquê?"
"Porque nāo fez marcaçāo."
"Mas eu nāo sou obrigada a fazer marcaçāo."
"Pois. Mas estamos em obras e só vacinamos hoje quem tiver marcaçāo"
Fervi.
Se fosse maluca agarrava no telefone e ligava a marcar para aqueles 5 minutos seguintes.
Como nāo sou, limitei-me a ficar incrédula e a escrever no livro de reclamações.
Fui-me embora em revolta absoluta.
Esta foi a vez passada… Cheguei até a ponderar mudar de sítio para as vacinas.

Agora, outra vez, mais uma vez:
Sempre uma regra nova, acabada de criar. Se nāo estāo a mudar de piso, estāo com horários novos. Ou entāo simplesmente nāo estāo para nada que dê trabalho ou que conte com a boa vontade. Chateia-me. Chateia-me porque o enfermeiro, que a maioria das vezes lá está, é um amor de pessoa e nem sempre o serviço lhe permite fazer melhor. Rodeado de caras carrancudas que gostavam de fazer qualquer coisa menos estar ali, o enfermeiro, aquele, esse que falo, faz o que gosta. Dá o seu melhor. Sempre. De Inverno ou Verāo. Faça chuva, faça frio. O problema é que… Para chegar a ele é preciso passar por quem se delicia a criar novos horários, colar recados nas paredes e se diverte a dificultar a vida das pessoas.
Pessoa para quem é uma afronta, uma ousadia, alguém aparecer sem marcar. Atender utentes que aparecem para vacinar os filhos, imagine-se lá… Sem telefonar. Pais que ainda por cima levam consigo a vacina. Comprada por eles mesmos na farmácia. Vacinas nāo comparticipadas. Aquelas que só salvam quem pode pagar um bocadinho mais. Enfim… Parece ser uma verdadeira loucura permitir ter acesso e direito à saúde a várias horas, de uma forma simples e imagine-se, incluindo a hora de almoço… Nāo, afinal nāo, agora a porta também se fecha para almoço. Mas agora, apenas este mês. Das últimas vezes, ainda no mês passado, nāo fechavam para almoço.
Agora sim. Espere lá… Como é para si… deixe lá ver… Hoje nāo estamos a mudar de piso… Hoje nāo estamos cheios de gente, hoje nāo estamos… Olhe faça assim: Hoje nāo estamos. Faça de conta.
Ah, talvez seja isso: hoje nāo estamos. Nem hoje nem nunca.

Enfim, um desabafo. Valham-nos os profissionais que amam o que fazem.
Desta vez nāo saí de lá sem vacinar a Amália. Nāo menos irritada, mas nāo, chega. Agradeço ao enfermeiro do costume. O mesmo, sempre o único. Gosto dele. Gosta do que faz.

Em Londres, sempre que fui a um centro de saúde tive apenas de chegar e esperar na fila.
Imagine-se que até me perguntavam quando chegava:
"Como posso ajudar?"
Explicava, sentava-me e esperava.
Imagine-se, uma loucura.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ser Tia

Há notícias que nos mudam, que nos transformam. Há uns dias a alegria imensa de uma amiga do coraçāo que vai ser māe. Fico de coraçāo à banda e derretida por ser tāo incrível a felicidade sobre a gravidez, maternidade e paternidade das nossas pessoas tāo próximas. Há quase 9 meses, o telefonema do meu irmāo, que vive fora, e a minha intensa alegria quando ouvi "vou ser pai".  Eu na expo no meio do nada, a fazer pouco como é raro e … O rio parou para me ouvir "Vou ser tia". Recebeu na corrente todas as minhas lágrimas de alegria. 
Vou ser tia. Tāo em breve… mesmo em breve. Está mesmo mesmo mesmo quase aqui… 

Os meus queridos tios com a minha prima. 

Como "amo de paixāo" as minhas tias, é para mim a total emoçāo e comoçāo tornar-me tia. 
De ampulheta na māo, conto os dias, as horas, os minutos, os segundos. As tias sāo fundamentais na felicidade e desenvolvimento dos sobrinhos. Quero ser a melhor tia do planeta e arredores. Sou tia do pequeno grande amor que nasce já nos próximos dias, filho do meu irmāo, mas serei também tia, nada emprestada, do pequeno amor que ainda é feijāo na barriga de uma das minhas melhores amigas. Um feijāo, caju ou semente também altamente esperado, pois ela é o melhor coraçāo e será uma māe maravilhosa. 
Ou seja… A vida é incrível neste seu fenómeno tāo perfeito, nesta sua natureza tāo incrível.
Cabe em mim tanta felicidade. Vou ser tia. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Hora Do Banho


Com dias ou meses choram desalmadamente na hora do banho. Aquele arrepio, aquele desconforto do desconhecido. O tempo passa, o problema vira outro… 

- Amália, temos de sair do banho!
- Na! Na! Na!
- Amália, meu amor, nāo se pode viver dentro de água. Anda lá!

E nisto, inicia-se todo um processo de adeus, tchau, buy buy. É precisamente nesta altura que eu penso todos os dias o mesmo: ela gosta mesmo de água. Ela gostava de viver dentro de água. 
Encharcada, divertida no seu chap chap com o pa, mais conhecido por pato, diz-me adeus várias vezes e de todas as formas e feitios, na esperança genuína de me ver pelas costas. Na esperança amorosa de simpaticamente me explicar: 
- Māe, nāo é preciso chegar aos 16, esta tarefa já seria muito melhor sem ti aqui…  

Claro que é precisamente na altura em que tenho de pegar nela ao colo para a tirar e embrulhar na toalha. Os próximos minutos sāo sofridos. Os dela e os meus. Ela chora horrores com a sentida separaçāo "infinita" destas 24 horas até ao próximo banho, e eu fico no sufoco do choro dela por ter de a contrariar. Claro.

Ouvi, li e vi birras… Se vi, se li, se sei, se as fiz… 
Quero agora tirar um mestrado para saber como lidar com elas. Sinto que estāo mesmo aí.
Socorro… Por agora é a hora do banho… E amanhā? Ou depois… 
Tenho de me preparar. 



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Educar A Alimentar


A alimentaçāo dos miúdos pode ser um pesadelo. Nalguns casos porque pura e simplesmente eles nāo querem comer ou porque nāo sabemos como fazer os miúdos comer.  
Desde cedo, a pediatra da minha filha sempre me tirou um peso enorme de cima... Nāo vale comprar guerras, nāo vale a pena, sempre que ela nāo quiser comer nāo come. Assim foi, assim teve de ser. 
A vontade teve de partir dela. Foram algumas as vezes em que, ainda mais bebé, isso aconteceu. Para aprender a comer a sopa foi difícil, foi um pesadelo. Passou. 
Como? Nāo queria, nāo comia. Eu insistia. Errei por vezes e obriguei. Só tive sucesso quando mudei de atitude. Falei com a médica e percebi: tente apenas, nunca obrigue! Só assim resultou. 

Hoje, a maioria das vezes, ela come tudo. Quando digo tudo, é mesmo tudo. Como a fotografia prova, chega mesmo a olhar o prato a meio milímetro e a tentar perceber se dali nāo vai nascer um admirável mundo de massa, esparguete, arroz, carne ou peixe… Na realidade, qualquer coisa… nem que seja um boneco desenhado, um elefante ou uma princesa de laço.  
Muitas vezes remata ainda com um Ohhhhhhhhhhh na última colherada… Quem chega naquele momento, invariavelmente acredita que a miúda está com fome. É o ar dela incrédulo a avaliar o fundo do prato. Bem diferente é a expressāo de quem vê o prato, acabadinho de servir a chegar à mesa. 
É importante servir a quantidade certa. Qual a quantidade certa? Pois...
Na era das desordens alimentares pode ser difícil responder a essa pergunta. Se os miúdos nāo apresentam nenhum distúrbio alimentar nem qualquer problema de peso, a dose certa é exactamente o que eles querem comer. Os miúdos, como nós, nāo sāo máquinas. Uns dias temos mais apetite e noutros temos menos. Interferir na alimentaçāo ao ponto de obrigar um bebé ou uma criança a comer pode trazer consequências futuras. Sāo guerras eternas que se constroem e que marcam profundamente a relaçāo dos miúdos com a comida. Comer deve ser um prazer para além da necessidade. 

É nossa missāo enquanto pais, ensinar a comer. Educar a alimentar. Alimentar educando. Saber comer é ter com a comida uma relaçāo saudável. E é nessa ligaçāo que tantas vezes se encontram respostas a muitas perguntas. 
Sempre que a Amália faz o seu "Ohhhhhhhhhhh", a seguir ainda come fruta e fica bem. Nāo chora com fome. Nem chora para se encher até cair para o lado. Também sei que se lhe desse mais massa depois do "Ohhhh" ela comia. Claro. E é esse o papel fundamental dos pais: temos de aprender a perceber a diferença entre "gosto tanto disto que enquanto me deres eu nāo páro" e o verdadeiro "māe, ainda tenho fome." Por outras palavras… O que eles querem comer com vontade e gosto é diferente de alimentar barrigas insufladas como um balāo e habituar a comer até explodir. É também, em parte, matemática. Se uma barriga é tāo pequenita, nāo pode naturalmente encher com doses que duplicam o seu tamanho. Como em tudo, é no equilíbrio que está a dose certa. 
Difícil também é quando nāo gostam de comer. 
O mundo por descobrir torna uma "chatice" o simples acto de sentar e comer. Trazer para a hora da refeiçāo o prazer e o convívio pode fazer milagres. Nunca, mas nunca, obrigar a comer. Aprendi com quem sabe.
Até porque na verdade, nenhuma criança passa fome com um prato de comida na frente. 
Forçar nāo é soluçāo.  
Vale educar a alimentar e alimentar educando.